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Raquel Pimentel

Corporate Communication Manager / Cognitive Psychology and Anthropological Linguistics research

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Raquel Pimentel
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Raquel Pimentel - Site Oficial www.raquelpimentel.com
A TEIA DO VÍRUS
14 Jul 2020
A Teia do Vírus

A Teia do Vírus resulta de um processo de pesquisa no quadro da situação atual provocada pela pandemia de Covid-19, renovando o alerta para a mitigação do contágio. Procurou ainda debruçar-se sobre as enfermidades virais de forma genérica, comummente protagonizadas por partículas submicroscópicas com a capacidade de modificar ou controlar, e de maneiras tão inesperadas, o ambiente que faz do animal humano a espécie dominante no nosso planeta.

Um dos mais excitantes e gritantes aspetos da ciência é o facto de as suas fronteiras serem constantemente revistas e prolongarem-se ao mesmo tempo que novos progressos se lhes acrescentam. Neste argau científico colaboraram Carlos Neves e Filipa Schmidt. A capa da publicação, como de todas as outras, é assinada pelo Departamento gráfico da TELENIMA.



Introdução


Todas as pessoas – até as saudáveis – transportam alguns microrganismos, na pele ou no corpo, mas normalmente as defesas naturais do sistema imunitário impedem-nos de se tornarem prejudiciais. As infeções produzem-se quando o corpo é invadido por organismos patogénicos – bactérias, vírus, fungos, protozoários ou grandes metazoários, como a ténia, entre outros. Podem ter acesso ao organismo de diversas formas: pelo nariz e pela boca; por uma abertura na pele; ou por um contacto físico com uma pessoa ou objeto infetado.

Algumas destas infeções, como a constipação vulgar, são leves e efémeras; outras, como, a título de exemplo, o Tinea pedis, mais conhecido como Pé de atleta, são mais prolongadas, embora não ponham a vida em perigo. Por outro lado, certas infeções, tais como as que provocam mazelas na ordem da meningite, da poliomielite, do tifo ou da raiva (Lyssavirus), são extremamente perigosas. As infeções causadas por microorganismos protozoários, por oposição aos metozoários, ou organismos maiores têm o nome de infestações. Aqui os organismos que as produzem vivem como parasitas dos seres humanos.



Saúde Pública


O primeiro objetivo da saúde pública consiste em prevenir as doenças. Entre as suas responsabilidades contam-se: a regulação dos níveis de habitação e da densidade de população; a eliminação dos detritos domésticos e industriais; a manutenção da higiene pública; a verificação sanitária; e, finalmente, ingressando no âmago desta publicação, a eliminação das origens das doenças e infeções.



A infeção e os seus agentes


Os agentes infeciosos (patogénicos) mais comuns são as bactérias. Muitas delas vivem no corpo humano sem lhe causarem danos, sobretudo no tudo intestinal inferior, mas outras fomentam infeções leves ou graves, como os furúnculos, a amigdalite ou a pneumonia.

No que concerne a vírus, estes são menores que as bactérias, e só é possível observá-los através de um microscópio eletrónico. Entre as incidências virais contam-se a constipação trivial, a varicela, a já referida poliomielite e o herpes.

Contudo, as Rickettsias são agentes patogénicos pouco frequentes que se encontram nas pulgas e nos piolhos; sabe-se que têm características comuns com as das bactérias e dos vírus, e podem transmitir aos seres humanos doenças como o tifo epidémico.

Quanto a fungos, trata-se de organismos semelhantes a plantas que podem provocar diversas enfermidades como a tinha e o sapinho – nome vulgar para a monilíase ou candidíase.

Os protozoários são parasitas unicelulares que provocam doenças como a malária, a disenteria amebiana e a toxoplasmose. Já os metazoários são parasitas multicelulares, como as ténias e os piolhos.



Propagação


As doenças propagam-se de diversas maneiras. Por exemplo, a poliomielite e a cólera transmitem-se entre humanos através da água contaminada. Muitos vírus, como os que causam a varicela, entre outras enfermidades, propagam-se através de gotículas que se espalham no ar quando um portador da doença espirra, tosse ou expira. As doenças como a gonorreia e a sífilis, que se transmitem por contacto sexual, denominam-se doenças venéreas.

Pode haver organismos infeciosos no sangue, mas também na saliva, no escarro e nas excreções (fezes) de uma pessoa infetada. Os alimentos podem ser portadores de germes, sobretudo se não estiverem frescos ou recentemente cozinhados, ou se tiverem sido contaminados por insetos transmissores de doença, como as ténias ou as salmonelas, entre muitos outros.

Algumas doenças aparecem por contágio direto, através de animais. É este o caso, por exemplo, da psitacose, que é transmitida por certas aves (especialmente papagaios) e da raiva. Neste caso a saliva de animais infetados é, por excelência, o meio de transmissão.

Outro fator importante, é uma ferida aberta que pode infetar se entrarem bactérias em contacto. A mais grave dessas infeções é o tétano, causado pela toxina do Clostridium tetani e que se produz quando os bacilos tetânico – muito vulgares no solo – penetram no corpo através de uma ferida suja. O tétano pode (e deve) ser evitado através da vacinação; mas, se chegar a desenvolver-se, poderá ser mortal.



Transmissão da Covid-19


Os estudos indicam que o vírus que deu origem ao surto oficialmente encetado em Wuhan, China, isto é, o novo coronavírus SARS-CoV-2 que provoca a doença COVID-19, transmite-se através de contacto direto e indireto. No primeiro caso a disseminação de gotículas respiratórias ocorre quando por exemplo, uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala. A via indireta verifica-se mediante o toque das mãos com uma superfície ou objeto contaminado e que, em seguida, contactam com a boca, nariz ou olhos.

Os principais sintomas associados à infeção pelo COVID-19 são a febre, com temperaturas superiores a 38 graus, tosse e dificuldade respiratória. Sabe-se, no entanto, que o novo coronavírus assenhoreia a capacidade de ser propagado por indivíduos sem sintomas. Com efeito, os cientistas distinguem, na atual pandemia, três categorias de infetados assintomáticos, agentes de transmissão: os que contaminam outros, adoecendo dias depois; os que nunca chegam a ter sintomas; e os que, após recuperação, continuam a poder transmitir a doença.

A Organização Mundial da Saúde admite que afinal o vírus (coronavírus) pode ser transmitido pelo ar. Esta tese baseia-se em testes científicos. A via aérea é um meio de transmissão do coronavírus, e não apenas por gotículas respiratórias. Aliás, uma carta assinada por vários investigadores, entre eles portugueses, veio alertar para esta forma de transmissão.

Neste trabalho estiveram envolvidos especialistas de 32 países de áreas tão diferentes como engenharia química, mecânica de fluidos ou virologia. O avanço vem demonstrar que há partículas ínfimas do vírus capazes de longas viagens. Muitos vírus têm de facto a particularidade de se poder agregar nas gotículas da humidade do ar (naturais). Neste caso, espaços fechados como escritórios ou zonas comerciais com ventilação deficiente podem ser locais propícios à disseminação dos vírus. O ar condicionado, apesar de pouco vulgar, é uma via de contágio.



Prevenção


A higiene é sem dúvida a chave da prevenção contra muitas doenças. Entre os princípios higiénicos básicos contam-se os seguintes: lavar as mãos antes de tocar nos alimentos; cobrir as feridas existentes antes de tocar em alimentos; muita higiene nos quartos dos enfermos e não só, e desinfeção ou destruição dos lenços e ligaduras usados; sem esquecer de lavar em separado os talheres, a louça e a roupa do doente.

Também é muito importante observar a máxima higiene ao viajar pelo estrangeiro, devido à possível existência de germes patogénicos a que o corpo não está acostumado, e receber todas as vacinas recomendadas antes de iniciar a viagem. É um bom princípio cuidar bem da limpeza dos animais de estimação e lavar as mãos depois de lhes tocar – especialmente antes de manusear alimentos ou qualquer objeto que esteja em contacto com eles. É mais do que recomendável, em qualquer caso, que cada pessoa da família tenha o seu próprio toalhete, toalha de rosto, escova de dentes e pente.

Prevenir certas enfermidades virais podem, mediante situações de emergência, suscitar a tomada de medidas de caráter excecional. O estado de emergência sugere um conjuto de medidas restritivas consolidadas e de último recurso. Nestes casos as condições especiais podem incidir no uso de equipamentos ou dispositivos, inclusive no âmbito da etiqueta respiratória, e/ou nos costumes, como no caso das Saudações ditas sanitárias ou no dever cívico de recolhimento domiciliário, entre outros.

O organismo tem diferentes sistemas para prevenir e combater as infeções. A pele impede que penetrem no corpo muitos microrganismos, e os coágulos sanguíneos e reparação dos tecidos fecham rapidamente todas as feridas leves. As amígdalas, adenoides e as membranas mucosas do nariz e da garganta retêm eficazmente os germes inalados. Os gânglios linfáticos, dispersos por todo o organismo, produzem anticorpos contra as infeções que ultrapassam as defesas exteriores, e o fígado pode destruir diversas toxinas patogénicas. Os leucócitos atacam germes invasores e o sangue também contém anticorpos por eles produzidos em reação à infeção, que proporcionam proteção (imunidade) contra ataques posteriores desses mesmos germes. Estes foram apenas alguns exemplos.

A imunidade provém principalmente do sistema imunológico natural do organismo, mas também existe imunidade adquirida. Os recém-nascidos, por exemplo, herdam anticorpos da mãe e adquirem outros através do leite materno. Outros ainda podem desenvolver-se ao longo da vida como reação a infeções específicas. A imunidade pode também ser induzida artificialmente através de uma vacina, que, no fundo, consiste na introdução (no corpo) de agentes patogénicos mortos ou enfraquecidos, que estimulam a produção de anticorpos.



Imunidade


Se pensa que, ao fazer um teste serológico, fica a saber se está imune contra o vírus que origina a COVID-19, desengane-se. Além de não haver certezas quanto à fiabilidade, desconhece-se o grau de proteção conferido pelos anti-SARS-CoV-2, as proteínas que o sistema imunitário produz para se defender do vírus. Com efeito, não há, ainda, evidência científica robusta a indicar que a presença de anticorpos anti-SARS-CoV-2 confere imunidade em caso de recidiva. Para avaliar esta relação, é necessário acompanhar os pacientes ao longo do tempo.

Um estudo britânico, publicado a 19 de novembro de 2020 num site para profissionais de saúde, medRxiv, sugere que quem dê positivo em testes serológicos, após uma primeira infeção, fica imunizado durante seis meses. Contudo, 89 dos 11 052 participantes no estudo que não tinham anticorpos, voltaram a desenvolver formas sintomáticas da doença. Em contrapartida, nenhuma das 1 246 pessoas que tinham anticorpos desenvolveu uma forma sintomática.

Existem de facto indicações de que as pessoas que contraíram uma forma grave de COVID-19 têm respostas imunitárias mais fortes, tal como se observa noutras doenças causadas por coronavírus: Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS). Com efeito, ambas desencadeiam altos níveis de anticorpos que duram até dois anos, e as respostas das células T à SARS-CoV-1 (responsável pela SARS) podem ser detetadas durante ainda mais tempo.

Por outro lado, outro estudo, também ele muito recente, realizado por investigadores chineses revela que pacientes com episódios muito graves de COVID-19 podem ter desenvolvido anticorpos ineficazes, tornando-os mais vulneráveis a uma reinfeção mais grave. Por enquanto os casos de reinfeção não mostraram sinais de um agravamento da doença no caso da Covid, muito embora os investigadores também não excluam esta hipótese.

Ainda há pouca evidência sobre o comportamento do vírus e a forma como o sistema imunitário responde na sua presença. Os estudos prosseguem a um ritmo constante. A vantagem de um teste serológico, mesmo que fiável, é praticamente nula por enquanto, pelo menos, no que respeita à determinação da imunidade contra este vírus: um teste positivo, que indica a presença destes anticorpos, não certifica ausência de risco, nem justifica que se descurem as medidas de proteção.



Imunidade de Grupo


Desde o aparecimento da Covid-19 tem-se falado, com alguma perseverança, de imunidade de grupo. A imunidade de grupo, por definição, pode ser obtida pelo desenvolvimento de imunidade natural, progressiva e por intermédio de uma parte da população depois de ter sido infetada, ou artificialmente, de forma acelerada, por meio de vacinação. Existem teorias mais otimistas do que outras. Há quem defenda percentagens na ordem de apenas 10%. Outros, menos confiantes, estimam que esse estado de proteção só será atingido a partir dos 60% dos infetados.

No âmbito da imunidade populacional, procurando determinar a proporção dos portugueses que desenvolveu anticorpos contra o SARS-CoV-2, por região e grupo etário, em setembro de 2020 o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) lança-se naquele que será o primeiro painel serológico para a COVID-19 de cobertura nacional alargada e representativa. A iniciativa, traçada logo após o desconfinamento e que junta epidemiologistas, imunologistas, microbiólogos e virologistas do iMM e Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, visa dotar Portugal da mais completa (e contínua) avaliação já realizada sobre a prevalência da infeção no país. Para o efeito, o estudo conta com uma colheita de 12.000 amostras (elegíveis) que serão acompanhadas durante 12 meses.

A participação no Painel Serológico Nacional supraindicado é gratuita, estando apenas sujeita a elegibilidade. Para conhecer os requisitos exigidos, lista de Municípios participantes e respetivos postos de colheita e participar, basta aceder ao site www.painelcovid19.pt. Para esclarecimentos ou informações de natureza científica relacionada com o estudo deve enviar um e-mail para serologia@medicina.ulisboa.pt. Todas as respostas alusivas à proteção e/ou privacidade dos dados pessoais poderão ser obtidas através do e-mail imm-legal@medicina.ulisboa.pt.



Vacinas


Uma área de investigação concentra-se nos vírus, causadores de doenças. Se recuarmos significativamente no tempo constatamos que esta progrediu desde a febre-amarela até à vulgar constipação. Na realidade, a invenção antivírus mais importante de todas foi talvez aquela que venceu a poliomielite (pólio). Sobejamente focada nesta publicação de 2020 A Teia do Vírus, a poliomielite, que em casos mais graves pode levar à paralisia nos membros inferiores, era muito temida. Em 1950, existiam 33 000 casos só nos EUA. Nessa altura, a pesquisa para encontrar a vacina estava já muito avançada.

Em 1939, o presidente Roosevelt, também ele vítima da poliomielite, tinha criado a Fundação Nacional de Paralisia Infantil (NFIP) para subsidiar a pesquisa. Em 1954, a fundação testava a vacina em 1,8 milhões de crianças, o que constitui a maior experiência clínica da história. Os resultados foram considerados miraculosos: nenhuma criança contraiu a doença.

Existiam, contudo, ainda alguns problemas a resolver. A vacina do NFIP, desenvolvida por Jonas Salk, não era totalmente eficaz contra as três formas de pólio. Além disso, o tratamento fazia-se com injeções (até oito doses). Tudo isto foi solucionado pelo virologista russo Albert Sabin, com a sua vacina mais eficaz e de rápida ação, administrável oralmente. Depois disso, e ainda hoje, a vacinação é a única forma de prevenção.

De facto, as crianças, os adultos e os animais são vacinados contra as doenças segundo os princípios estabelecidos pelo naturalista e médico britânico Edward Jenner, em 1796.

No que concerne à terapêutica contra uma doença que – à escala mundial – teve uma transmissibilidade e impacto importantes e causou uma disrupção igualmente impetuosa naquilo que é a economia, prossegue a fervorosa corrida mundial à cobiçada vacina conta o novo coronavírus. Mais de 100 vacinas estão a ser testadas um pouco por todo o mundo. A eficácia de uma vacina – livre de efeitos colaterais significativos – só pode ser obtida mediante ensaios clínicos, e estes implicam linhas de pesquisa incontornavelmente longas e complicadas, apinhadas de revisões. Alguns cientistas defendem um percurso mais curto, adaptando a preparação biológica destinada à SARS à vacina contra o novo coronavírus. Por outro lado, muito provavelmente consideradas produtos lucrativos para um sem-número de empresas do setor farmacêutico, as vacinas aparecem associadas a outro problema muito atual: a Desinformação.

Para já, sabe-se que a União Europeia (UE) selecionou seis vacinas que considerou valer a pena investir no desenvolvimento e aquisição. Alcançados os projetos vacinais seguros e eficazes contra a Covid-19, Portugal terá direito a seis milhões e 900 mil doses, num total de 300 milhões de vacinas reservadas pela UE.

Uma questão (complexa) que continua a acender discussões em todo o mundo centra-se na possibilidade de tornar a vacinação obrigatória. Para os mais atentos, em cima da mesa, no contexto da atual pandemia, a obrigatoriedade enfraquece quando confrontada com uma vacina eventualmente pouco segura, que não tenha sido adequadamente testada e/ou cujos efeitos secundários não sejam comunicados de forma transparente.

Posto isto, à data desta publicação a informação noticiada na imprensa, depois de devidamente analisada tendo por princípio a defesa tanto em termos da saúde como da segurança dos leitores, não aufere, para já, os créditos exigidos. Não se tratando, este, de um site dedicado à disseminação de imprecisões, nem tão‑pouco ao serviço de táticas eventualmente políticas, não o desapossando, porém, da sua liberdade de expressão, tais conteúdos, apesar de difundidos em certos órgãos de comunicação social, estão sujeitos a verificação neste espaço.



O PODER DAS LÁGRIMAS
13 Jan 2019

O Poder das Lágrimas by Raquel Pimentel
O Poder das Lágrimas, publicação de 2019
As lágrimas podem ser consideradas agradáveis, perigosas, misteriosas, enganadoras, loucas ou sagradas. Lágrimas de felicidade e de alegria, lágrimas de orgulho dos pais, lágrimas de luto ou frustração. Tradicionalmente, considera-se que as lágrimas podem ser de dor ou de alegria. No entanto, O Poder das Lágrimas pretendeu ir mais longe. Neste estudo de 2018, parcialmente publicado em janeiro de 2019 via site, procurou-se pontuar o comportamento lacrimal de lés a lés, a sua relação com o pensamento científico e social, bem como a sua narrativa aos olhos dos conceitos insensíveis do mundo moderno.


Em cada encontro que temos, emitimos sinais emocionais, e esses sinais afetam as pessoas que nos rodeiam. Por esta razão, e já que está provado que a empatia corresponde a um estado evolutivo muito alto, o comportamento lacrimal também aparece associado à comunicação. No fundo, como vimos nas publicações de 2012 «Ser ou Parecer, Eis a Questão!» e «A Linguagem do Corpo», para além dos inúmeros estudos levados a cabo por especialistas como Julian Gabarde, membro da Sociedade Francesa de Morfopsicologia, todos temos documentados na cara o que realmente somos. Neste caso, a comunicação cinésica é estabelecida pelo corpo, expressões faciais e oculares. A negação destes factos é por muitos explorada em tom de defesa. Se as caraterísticas de alguns elementos do rosto, como a testa, os lábios, as maçãs ou os olhos, e as suas combinações permitem deduzir o perfil psicológico de qualquer desconhecido, podem as lágrimas ou o choro afinar o traço?

Investigações assinadas por conceituados oftalmologistas como Juan Murube del Castillo, entre outros, despertaram interesse internacional. O mais interessante dessas investigações é a forma como explanam o aparecimento dos diferentes tipos de lágrimas, tanto na evolução filogénica (evolutiva) como ontogénica (embrionária). Alguns relatórios deixam claro que no futuro as lágrimas de solidariedade e dádiva de ajuda serão muito mais comuns do que agora. Afirma Murube que as pessoas do século XX serão consideradas 'gente selvagem' e duríssima pelos nossos bisnetos e gerações posteriores. Perguntar-se-ão como pudemos tolerar tanta gente a morrer de fome enquanto nós temos todo o conforto.

É muito raro ver as pessoas famosas chorar em público, a não ser que... Com efeito, em comunicação, não verbal inclusive, as lágrimas e o choro podem desempenhar um papel muito importante. No universo mediático, o seu poder, muitas vezes desvalorizado, é uma palavra-chave escrupulosamente aplicada pelos especialistas mais experientes. Repetir - intencionalmente - as ligações nervosas pertinentes para desencadear o choro, não é para todos. Por outro lado, é preciso dizer que em certos casos esse poder é explorado até à exaustão. Mas vamos por partes, e por ordem:



Os olhos, as janelas do cérebro


Noventa e cinco por cento da informação (sensorial) que chega ao nosso cérebro passa através de dois globos brancos feitos de uma substância gelatinosa, com 2,5 centímetros de diâmetro e oito gramas de peso. Estamos a falar, como é evidente, dos olhos, as janelas do cérebro. Saiba que os olhos dizem-nos mais do mundo que nos rodeia que qualquer dos outros sentidos. Informam-nos sobre o tamanho, a forma, a posição e a cor dos objetos, desde minúsculos pontos a poucos centímetros do nosso nariz até às estrelas situadas a biliões de quilómetros de nós, no espaço. Isso é possível porque cada globo ocular contém um território (a retina) sensível às ondas de luz, que converte eletroquimicamente em sinais que o cérebro interpreta. Estas porções nervosas estão rodeadas por dois órgão mais ou menos esféricos, os olhos, que podem focar a luz, regular a quantidade da luz que penetra no olho, e moverem-se de modo a seguir uma fonte luminosa. O nervo ótico é formado por mais de 800 mil fibras nervosas.

Os olhos são de facto órgãos complexos e delicados. Possuem os seus próprios músculos externos e internos que fazem mover o globo ocular e alterar a forma do cristalino, e são servidos por diversos nervos cranianos - o nervo ótico para a visão, e os nervos oculomotor, troclear e abducente para o movimento dos olhos. Utilizam também diversos tipos especializados de tecido, especialmente na córnea, cristalino e retina.



A visão


Sem visão, não há comunicação não verbal (visual). Além disso, necessitamos de uma boa visão para a maior parte da nossa vida. É o sentido primário para a perceção dos factos, e é importante para quase toda a coordenação física. Para a maior parte das pessoas, mesmo um ligeiro problema com a visão pode provocar grande irritação e/ou aborrecimento - embora seja também verdade que as pessoas se adaptam com notável rapidez ao pequenos defeitos da visão. Também é preciso não esquecer dos efeitos naturais provocados pelo envelhecimento. Surgem defeitos durante a vida, e, por volta dos 40 ou 50 anos, muitas pessoas necessitam de usar lentes corretoras para certos problemas menores ou maiores relacionados com os olhos. Para lá dos 65 anos, as deficiências complicam-se com o desenvolvimento da opacidade do cristalino (cataratas).

As pessoas veem a vida a cores. Graças à visão binocular e à sua perceção das cores, o ser humano possui uma visão com uma amplitude de 160 graus. Estas duas qualidades são excecionais no mundo dos mamíferos. Só os pássaros veem melhor do que nós. Os nossos olhos em repouso estão programados para ver objetos situados a uma distância máxima de 60 metros.

Simplificando esta temática, aos olhos do mundo moderno o sistema visual humano consta de duas câmaras (os olhos), um cabo de ligação (o nervo ótico) e um centro processador (o córtice visual). Contudo, hoje, numa sociedade alojada no Pew Research Center, pautada pelos FOMO (fear of missing out) e JOMO (joy of missing out), e conduzida por compensações e aditivos virtuais, colocam-se algumas questões: como procuramos ver, e, o que procuramos ver?



A cegueira, a odisseia do apoio


Os últimos segredos do mecanismo da visão estão a ser desvendados pelos neurologistas. Contudo, os epidemiologistas advertem que os problemas oculares estão a aumentar. Assim sendo, este dado contrasta com os avanços espetaculares que se verificam no diagnóstico e no tratamento das doenças oculares. A forma mais habitual de corrigir os problemas refrativos (miopia, hipermetropia e astigmatismo) inclui os óculos e as lentes de contacto. Quando os problemas são refratários, hoje em dia a deficiência é frequentemente corrigida pela cirurgia ou através de diversas técnicas cirúrgicas seguras e precisas, nas quais o laser desempenha um papel fundamental. Infelizmente, a cegueira existe e por isso foi introduzida nesta publicação relativa à expressão ocular. A maioria de nós não tem a noção da real dimensão deste problema. A falta de civismo perante os casos de visão subnormal ou de perda de visão total prova isso mesmo.

Embora a tecnologia ainda não tenha conseguido substituir o olho humano, ajuda os invisuais a ter acesso a um mundo que, até agora, lhes estava vedado. Aliás, Kent Cullers, um conhecido astrofísico que também é cego, afirmou num certo dia: «Relaciono-me com o mundo através das máquinas, tal como muita gente, hoje em dia. E o maravilhoso da técnica é que posso fazer as coisas de modo exatamente igual às pessoas que podem ver». Com efeito, sem pretender suscitar falsas esperanças, a visão artificial está ao virar da esquina, e os seus auspiciosos avanços poderão acabar por devolver a vista a milhões de invisuais. Fica assim tangível que o pior cego é realmente aquele que não quer ver.



A íris alega informações


Se pensa que 'quem vê olhos não vê coração', a iridologia pretende o contrário. Embora esta prática não seja suportada por pesquisas científicas, O Poder das Lágrimas não exclui os fundamentos holísticos da iridologia ou iridodiagnose, a título de lembrete. As terapias alternativas podem ainda tornar-se suspeitas aos olhos dos médicos convencionais, mas cada vez atraem mais a atenção do público.

Como o nome indica, a iridologia interpreta a cor e a condição dos segmentos da íris, em termos de estado de saúde das diversas partes do corpo. Por exemplo, de uma forma muito resumida, estudando o setor do lado direito do olho na posição de quatro horas, um iridologista alega poder diagnosticar a doença nas costas ou na coluna de uma pessoa.



O choro, um poderoso pulmão para o futuro


No último instante de dor e esforço, a mãe respira, esgotada, e espera com ansiedade durante alguns segundos. Espera por um grito, pelo pranto do seu filho. Quando finalmente o ouve, sabe que ele está vivo. A primeira afirmação pública de vida é este choro com que os recém-nascidos chegam ao mundo.

O pranto desencadeia nos recém-nascidos uma série de reações fisiológicas, como a respiração, indispensável à vida; mas não é só isso, é também um pedido de ajuda perante o desconhecido e o medo. Talvez este pranto seja, diga-se, o mais lancinante que se pode ouvir, e o primeiro de muitos que o ser humano verterá neste permanente vale de lágrimas. Pois saiba que, em termos de comunicação, uma investigação levada a cabo pela Universidade de Trieste (Itália), juntamente com o Hospital Infantil Burlo Garofolo da mesma localidade, afirma que o choro infantil é uma espécie de pré-linguagem com diferentes matizes em idiomas distintos, já que o bebé imita (à sua maneira) a língua da mãe que ouviu na sua fase fetal.

A maioria dos animais superiores lacrimeja, mas nenhum chora. George Lewis, um criador de elefantes, menciona na sua autobiografia que viu chorar uma vez a elefante Sadie quando a castigaram. Jeffrey M. Masson e Susan MacCarthy também descrevem choros de proboscídeos no seu livro Quando os Elefantes Choram, mas ninguém o provou. O que não exclui a hipótese de que os animais tenham emoções. É certo que não ficou provado que algum outro animal comunique com os seus congéneres desta forma, mas é indubitável que há épocas da vida em que se chora mais do que outras.

Em comunicação, este tema levanta muitas questões, ainda assim pouco investigadas. É possível encontrar algumas noções no estudo A Expressão das Emoções nos Animais e no Homem, levado a cabo em 1872 por Darwin. Mais matéria adulando o assunto pode ser encontrada na investigação Crying - The Natural and Cultural History of Tears, do professor norte-americano Tom Lutz. Segundo Lutz, Murube, Gonin ou Wilson, todos os seres humanos e só os humanos choram. Além disso, para os cientistas mais sazonados não restam dúvidas, as mulheres são quatro vezes mais choronas do que os homens. Os rapazes choram apenas um pouco menos do que as raparigas, embora o seu choro seja ligeiramente superior em lágrimas de dádiva de ajuda e um pouco inferior nas de pedido de ajuda. Os estudos são claros, a capacidade masculina de expressar dor com o choro não é muito menor do que a feminina.



As lágrimas, a reforma do ser humano


Para além da sua própria fisiologia, o olho possui uma série de estruturas acessórias que lhe servem para se lubrificar, se apoiar, mover-se e proteger-se. Uma delas é o sistema lacrimal, que é secretor e excretor. Graças ao primeiro efeito, produzem-se lágrimas; devido ao segundo, estas correm para o exterior. A estrutura principal deste sistema é a glândula lacrimal, localizada entre o osso e o globo ocular. Há também muitas outras pequenas glândulas lacrimais basais. A conjuntiva é uma membrana mucosa transparente que cobre e humedece a esclerótica e o interior das pálpebras. As lágrimas sobrantes evaporam-se ou drenam-se para um saco ligado à cavidade nasal, o saco nasolacrimal.

As lágrimas, compostas por um fluido salino bactericida, provém da glândula lacrimal da pálpebra superior. O fluido corre através de uma canal lacrimal que se abre no canto interior de cada pálpebra, descendo para a cavidade nasal. Ao nascer, o ser humano têm um choro dito seco. Só aos três ou quatro meses de idade se desenvolvem completamente as suas glândulas lacrimais e podem começar a verter lágrimas. As lágrimas basais mantêm os olhos lubrificados.

A córnea, que é a parte anterior do globo ocular, cuja propriedade fundamental é a transparência, não é uma superfície regular. Muito pelo contrário, está cheia de pequenos orifícios, grãos e ondulações que precisam de humidade e limpeza contínua. Com efeito, a glândula lacrimal produz diariamente cerca de um centilitro de lágrimas (involuntárias). As lágrimas reflexas, isto é, as que se produzem quando os olhos sofrem uma agressão, são comuns a seres humanos e animais irracionais.

Apesar de haver consciência deste facto, nunca antes a sociedade e o mundo laboral deram tanto valor ao significado das lágrimas. Sabe-se desde há muito que as lágrimas são um reflexo pouco digno ou valorizado. Se dantes expressar afeto não era de homem, no mundo atual espelhar sentimentos não é de humano. Numa evolução traçada pelo phubbing, mais do que nunca a sensibilidade parece conduzir ao fracasso. Em «O Poder das Lágrimas» nada foi deixado para trás. Afinal, não foram necessárias grandes teses para descobrir que o reflexo dos sentimentos básicos aninhados na nossa verdadeira - e saudável - natureza interior, quer dizer, a alegria, a raiva, o medo, a ira, o asco e a tristeza, é igual em todas as culturas. A sua leitura, básica, atravessa todas as fronteiras impostas pelo turbilhão artificial do mundo moderno. A água salgada que serve para limpar os olhos tem, precisamente, esta outra profunda utilidade: exprimir emoções.


OS CÓDIGOS DOS CUMPRIMENTOS II
26 May 2017

Na publicação «Os Códigos dos Cumprimentos I», datada de 2016, muito foi considerado acerca das saudações nas relações humanas. Contudo, trata-se apenas de um limitado e singelo conjunto de tópicos. A «cinésica» compõe uma ciência acerca da qual se pode dissertar com toda a minúcia, decerto, com definições e conceitos extremamente complexos. Evidentemente, investigações tais não se encontram nesta série publicada via website, destinada a um campo muito restrito. Aliás, sobre a psicologia dos comportamentos no âmbito do meio social já se descobriu mais do que se julga. Precisamente, seguindo a mesma linha da primeira parte, em «Os Códigos dos Cumprimentos II» são analisadas mais questões - que variam de cultura para cultura - relacionadas com o cumprimento ou a saudação. Além disso, pode ser útil considerar resumidamente outros pontos na trama da comunicação em geral.

Em «Os Códigos dos Comprimentos» I e II, de 2016 e 2017, não foram considerados os códigos de interação social adotados no quadro das Enfermidades Virais e que visam conter a propagação do novo coronavírus. Com efeito, as novas práticas de saudação adaptadas às medidas de higiene e etiqueta respiratória, elencadas pelas autoridades de saúde em regime excecional neste período, têm como objetivo reduzir a exposição e transmissão da doença no contexto da pandemia COVID-19. É provável que as saudações sanitárias surjam no âmbito dos hábitos e costumes emanantes da esfera protocolar.


Os Códigos dos CumprimentosUma vez mais convém relembrar que, de facto, a «comunicação» não surge nesta série «Os Códigos dos Cumprimentos» (primeira e segunda parte) como fenómeno fundamental da nossa existência, que o é, mas antes como uma prática da industria - voltada para determinados setores - que merece especial atenção. Na atividade industrial ou profissional, as pessoas operam, não só num contexto de factos e situações objetivas, mas também num contexto subjetivo de atitudes e sentimentos. Neste conjunto de capítulos sobre as saudações aplicadas aos fenómenos culturais, as generalizações teóricas estão reduzidas a um mínimo.


Quando vamos ser apresentados ou começar um contacto com alguém, há que esquecer os problemas e as preocupações. As investigações provam que são precisos menos músculos para sorrir do que para franzir o sobrolho. Para além disso, o sorriso é o meio mais efetivo para mostrar que se está interessado em alguém, porque transmite calor e franqueza. Contudo, também do ponto de vista dos cumprimentos, sorriso e riso não devem ser confundidos. Os sentimentos (e as intenções) que conduzem ao riso são outros, pelo que a leitura será inevitável e/ou irremediavelmente outra. Deixando a decomposição da gelotologia para outra ocasião, no campo sócio-cultural 'simpatia' não é o mesmo que 'piada'.



Ações e reações


Quando falamos às pessoas com o fim de despertarmos nelas uma reação discriminada ou exata, devemos ter sempre em mente certas condições. Saber o mais possível sobre o indivíduo ou, neste caso, sobre o seu complexo cultural. Lembre-se que respeitar alguém implica aceitar o seu conceito de civilização, e aceitá-lo significa, sobretudo, acatar as suas regras quando penetramos ou invadimos - com boas intenções - o seu domínio. Se em certos casos um simples gesto pode valer mais que mil palavras, neste caso, se se tratar de uma figura de Estado por exemplo, pode representar mil discursos. Resumindo, ter uma finalidade clara e definida, e utilizar uma linguagem apropriada (e coerente) só irá otimizar os laços do primeiro contacto.

Duas pessoas não podem entrar em contacto sem haver transmissão e reação a sinais de qualquer tipo. Temos de encarar o cumprimento como parte de uma conjunção de inter-estímulo e inter-resposta. De facto, é raro que duas pessoas entrem em contacto sem criarem uma relação ou modificarem um vínculo já existente. Na verdade, uma relação já existente é um status muito flexível. Em geral, porque um todo orgânico é algo mais do que a simples soma das duas partes, qualquer tentativa para definir e examinar o problema da comunicação deve ir mais além do que a sua simples divisão (com o subsequente tratamento em separado) em discursos públicos, instruções ou notícias. Devo confessar que em todos os casos há provas suficientes de que estas aplicações exigem ser estudadas pacientemente e melhoradas; mas não podem ser isoladas umas das outras, nem 'inteligentemente' consideradas sem atender a princípios gerais coerentes - princípios esses fundamentais para todas as formas de afirmação ou de expressão intentada com a finalidade de obter um determinado resultado.



Cuidado com o olhar


Quando somos apresentados a alguém, se olharmos para cima, para baixo ou para os lados, embora a cinésica forneça a cada sentido ou ângulo - quando analisado num conjunto de indícios - um significado distinto e preciso, em todos os casos transmitiremos uma imagem infalível de instabilidade. Com efeito, uma insegurança que não inspira confiança, que mostra falta de interesse e aborrecimento. Isso não significa que seja preciso olhar diretamente nos olhos, a menos que se esteja apaixonado (mas nesse caso a dilatação das pupilas também entra no diagrama), já que pode ser ameaçador e desconcertante. Neste caso a leitura não é inteligível, e em certos casos pode originar um laborioso mal-entendido. O ideal é um contacto visual que se centra no triângulo formado pelos olhos e pela boca, e que desliza por outras partes do rosto, como o cabelo, o nariz e o queixo. No entanto, nunca é demais relembrar que, se o interlocutor for um daqueles peritos no campo da Comunicação Não-Verbal, a dissimulação não resulta.



Cumprimentos hipócritas


Ao contrário daquilo que determinadas figuras públicas ajeitam e muitas mais possam pensar, uma saudação carregada de acenos excessivos e exorbitantes não revela apreço ou simpatia. Sabe-se que o entusiasmo, quando é verdadeiro, arrasta com ele uma expressão muito própria, como pautada por uma curvatura sinusoidal - emocional - cuja energia irregular se assemelha a um passeio de montanha-russa. Assim, como exemplo da falta de sinceridade indica a intranquilidade, o exagero, a fala atabalhoada, a reação ou exclamação soberba, o olhar aparentemente seguro, de testa franzida, a transpiração, o gesto de humedecer os lábios, a gesticulação ou a ocultação da boca ou da cara, entre outros sinais. Saiba que quanto mais códigos destes se manifestarem, mais exata será a opinião obtida: há ali mentira. Decifrar a linguagem corporal é, em certos casos, uma espécie de cálculo de probabilidades. Todavia, quando o relatório dá conta de um determinado volume de sinais, coerentes, a infalibilidade vai dominando o veredicto final.

Sem pretender apoucar a abstração de Cesare Lombroso, o etólogo e zoólogo Desmond Morris, igualmente apreciado pelo seu trabalho desenvolvido em sociobiologia humana, chegou mesmo a afirmar que enquanto se diz uma mentira é inevitável uma ligeira tremura no rosto ou no pescoço, que frequentemente leva o mentiroso a tocar essa zona do corpo. Essa tese foi entretanto ganhando outras texturas, mais sólidas e mais complexas, ao serviço da Criminologia. Ainda sobre esta ciência, anexa à Psicologia Criminal, embora reconheça que alguns traços da personalidade possam declarar-se numa primeira abordagem, formar uma impressão assente no arquétipo pode ser irresponsável. Contudo, por exemplo, tal como Jo-Ellan Dimitrius, criminalista norte-americana já citada num contexto muito semelhante no artigo de 2012 «Dicas Para Melhorar a Voz», muitos analistas da linguagem não verbal, ou da cinésica, servem-se dos seus conhecimentos fora do ambiente laboral. Pois na verdade, para muitos, este treino profissional ajuda a evitar dolorosas desilusões na vida privada.



Cumprimentos e gestos


De facto, a comunicação gestual (tal como a verbal) encontra terreno propício durante o cumprimento. Esta linguagem não verbal particular é praticada de forma consciente ou inconsciente, diga-se, tanto por recém-nascidos como por adultos, para atrair a atenção de alguém, embora com motivações bem diferentes. Como vimos na introdução deste artigo, o sorriso é um deles.

Com efeito, a etologia, a ciência que estuda o comportamento dos animais, considera que muitos dos gestos dos bebés são inatos: sorriem para manter a mãe ao seu lado e, assim, ficar perto da fonte de alimento. Além disso, a título de curiosidade, descobriu-se que o rosto dos bebés inspira interesse e ternura nos animais, mesmo nos predadores, o que pode ser uma reminiscência de épocas pré-históricas, em que havia maior inter-relação entre o homem e aqueles animais. No limite, poderia mesmo considerar-se uma estratégia natural de sobrevivência.

Os adultos também empregam um grande número de gestos para mostrar interesse ou desinteresse. Pois fique a saber que as mulheres, mais perspicazes neste sentido, não só possuem uma maior coleção de gestos, como também os identificam mais depressa e melhor. São factos. O investigador australiano Allan Pease, carismático Sr. Linguagem Corporal, descreve de forma enfática a subtileza da linguagem gestual inata dos homens: «Na maioria dos casos, os rituais do cortejo são tão eficazes como tentar apanhar peixes num rio batendo-lhes na cabeça com um pau».



Cumprimentos complicados


Existem alguns fatores que prejudicam os cumprimentos, sobretudo, em determinados círculos, quando estes acontecem ou devem ser formalizados em público. Alguns exemplos históricos de cumprimentos eminentemente embaraçosos aconteceram a 21 de março de 2016, em Havana (Cuba), entre o 44º Presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o seu homólogo cubano Raul Castro, a 24 de maio de 2017, no Vaticano, juntando o atual Presidente do Estados Unidos Donald Trump e o líder máximo da Igreja Católica Papa Francisco, e ainda a 11 de junho de 2018, em Singapura, perpetuando o tão esdrúxulo aperto de mão entre Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un. Existem duas fontes de perturbação que não devem, nunca, ser menosprezadas: as pessoas de trato difícil e as saudações que incorrem em circunstâncias embaraçosas ou delicadas. No primeiro caso, alguns estudos foram levados a cabo, e hoje é possível identificar, prever e desarmar eventuais obstáculos. Sabe-se que as saudações requerem especial atenção quando o interlocutor (previamente analisado):

  • Fala muito ou muito pormenorizadamente.
  • Foge constantemente aos assuntos, e geralmente não tem lógica.
  • É uma pessoa impaciente e empunha decisões sem uma investigação completa.
  • Não deseja considerar alternativas ou compromissos; fala unicamente em termos dos seus próprios interesses contra os benefícios dos outros.
  • Faz afirmações dogmáticas, insustentáveis, não apresenta razões; faz considerações que precisam de ser esclarecidas ou ilustradas.
  • Mete-se em duelos pessoais com os 'oponentes'; ignora grupos, equipas ou coletividades; gosta mais de vencer um argumento do que de solucionar um problema.
  • Luta contra os outros para se sentir importante; não auxilia a mútua compreensão, a boa-vontade e a cooperação, mas desperta sentimentos de antagonismo como se estivesse na oposição.
  • Não tem o hábito de prestar atenção; incomoda e interrompe.

Hoje, sem reduzir a civilidade, por meio de perguntas é possível bloquear (e até disciplinar) um indivíduo destes.



Cumprimentos sanitários


Se lançarmos um rápido olhar à panorâmica do mundo atual ficamos estupefactos ante a pauta de circunstâncias que se nos depara. Por um lado, um mundo reduzido nas suas dimensões, um mundo em que os diversos meios de comunicação quase dissiparam distâncias. Por exemplo, ser cortês, na vida privada, é o mesmo que ser protocolar na vida oficial, só que o primeiro aprende-se logo na infância, e o segundo vai-se aprendendo. Todavia, por outro lado não posso concluir este exame sem abordar os chamados cumprimentos sanitários, incentivados de supetão por motivos de saúde pública. Tratando-se de Enfermidades Virais associadas a uma epidemia mundial ou pandemia, neste caso a sociedade não dispõe de grande margem de adaptação para implementar novos hábitos e costumes (de higiene).

Com efeito, a propagação da doença COVID-19 (Coronavirus Disease), provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome) e identificada pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan (China), levou alguns países a dar indicações sobre novas formas de saudação entre os cidadãos. O aperto de mão, entre outros, sofreu um abalo fulminante.

Não querendo perder elementos importantes da conexão humana, uns usam a criatividade para manter os bons costumes da socialização. Entre as novas práticas de saudação destacam-se o toque do cotovelo, contacto com os pés (ou Wuhan Shake) e simples aceno.



Os Códigos dos Cumprimentos pelo Mundo




Cumprimento Japonês


No Japão saúda-se com uma reverência tanto maior quanto maior é o respeito, isto é, varia de acordo com o status relativo entre interlocutores. Se se quer mostrar grande deferência, a inclinação japónica relativa à condescendência pode mesmo chegar aos 45 graus.


Cumprimento Etíope


Para além de se tratar da segunda nação mais populosa da África e de ter sido um dos primeiros países cristãos, segundo alguns cientistas é também aqui que o Homo sapiens terá descoberto a vida. Seja como for, no que diz respeito à saudação, hoje os habitantes da Somália, Eritreia e Etiópia abraçam-se, e dão inclusive palmadas nas costas, mas sem nunca se tocarem no rosto. Neste território de língua amárica, os beijos estão reservados aos parentes mais próximos.


Cumprimento Tailandês


Alguns erros surgem com bastante frequência do ponto de vista da saudação tailandesa. Na verdade, o wai consiste em juntar as mãos (à esquerda) na frente do rosto e depois inclinar-se (à direita). Responde-se com outro wai, que significa ao mesmo tempo 'olá' ou 'bem- vindo', mas também usado para 'desculpe' e 'obrigado'.


Cumprimento Chinês


Na China é normal fazer uso do aplauso como forma de saudação, a que, neste caso, se deve responder de forma igual. Neste que é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, existem regras bastante rígidas. Em geral, esta cultura recusa o contacto físico. Neste caso, a pequena vénia é a saudação habitual. Apesar dos muitos acenos comportamentais que são tanto masculinos quanto femininos, há que ter em conta alguns detalhes nesta forma de saudação. Para os devidos efeitos de reverência, o homens formalizam-no (o cumprimento) com os braços encostados ao corpo; e as mulheres, com as mãos juntas.


Cumprimento Argentino


Aqui o cumprimento aparece muito efusivo. Com efeito, entre amigos íntimos e mulheres é normal beijar-se ou abraçar-se. Contudo, a despedida é normalmente realizada emitindo um beijo pelo ar.


Cumprimento Indiano


A saudação tradicional indiana é o chamado namaste. Este cumprimento consite em unir as palmas das mãos e fazer uma vénia. Muitos confundem-na com a saudação Thai ou wai, o que pode originar algum desagrado ou desentendimento. Lembre-se que na Índia, como na Etiópia, não é bem visto beijar-se quando se cumprimenta ou se despede.


OS CÓDIGOS DOS CUMPRIMENTOS
01 Dec 2016

São poucos os gestos realmente universais. Desde há algum tempo que certos psicólogos retomaram a análise dos traços individuais. Seguindo a teoria de Ronald Henss, professor da Universidade de Sarrebruck, na Alemanha, a fisionomia e os gestos das pessoas não nos permite emitir um diagnóstico psicológico, mas oferecem informações consideráveis sobre a sua essência. São factos. As investigações desenvolvidas, no âmbito da cinésica inclusive, revelaram que, nos primeiros quatro minutos em que se aborda uma pessoa pode saber-se, de antemão, se se trata de um futuro amigo, amante, conhecido ou simples transeunte (nas nossas vidas), etc. Com efeito, se, para os especialistas nesta matéria, não existem muitas dúvidas de quão decisivo é o cumprimento no primeiro encontro, entre duas ou mais pessoas, é porque uma má saudação pode frustrar a vida social, e traduzir uma catástrofe no mundo dos negócios. Existem alguns casos em Portugal. Este é um exercício muito aprofundado, sobretudo no tecido mediático mais elevado.

De facto, como indicam os antropólogos especializados no estudo de comportamentos e rituais, o cumprimento é tão importante que nos fornece os limites de um grupo; é sabido que, nas camadas mais formais, protocolizadas e não só, uma das piores ofensas que se pode fazer consiste em negar cumprimentar alguém. Quer isto dizer, que a função ritual do cumprimento para manter a textura social tem mais importância do que a apresentação no primeiro encontro. No seu ensaio A Ritualização Filogenética e Cultural (1966), Konrad Lorenz (1903-1989), etólogo e professor austríaco distinguido com o Nobel de Fisiologia ou Medicina, em 1973, devido ao seu contributo científico relacionado com o comportamento social e individual, explica o valor - simbólico - do cumprimento como meio de comunicação, recorrendo a um exemplo fácil de compreender: «Quando uma pessoa entra numa casa em que há vários conhecidos sem olhar para ninguém e sem saudar com o olhar, com a palavra ou o gesto, tal omissão é sinal inequívoco de agressão e denota que o indivíduo está de más intenções». Anos mais tarde, este professor da Universidade de Königsberg, autor das conceituadas obras On Aggression e The Natural Science of the Human Species, voltaria a abordar esta temática em diversas publicações como a Investigação Comparada do Comportamento (1978), por exemplo.

Embora a tradição sustenha que o primeiro cumprimento seja o habitual aperto de mão, entre dois australopitecos, para mostrar que não tinham armas, há porém quem não seja dessa opinião. Infelizmente, os comportamentos não fossilizam, pelo que a sua origem é incerta. É provável que proto-símios anteriores aos australopitecos fizessem gestos relacionados com uma atitude pacífica para iniciar a interação social. Os etólogos registaram gestos como estender a palma da mão, que podemos contrapor com outros como cerrar os punhos e mostrar os dentes, etc. Sabe-se que existe uma base genética que predispõe a certos acenos de saudação, mas cada sociedade figura-os com significados distintos e, por conseguinte, leituras diferentes.

Em «Os Códigos dos Comprimentos I» e «Códigos dos Cúmprimentos II» (segunda parte da série que examina e descodifica a sequência estrutural do cumprimento ou saudação, consoante as culturas), publicações datadas de 2016 e 2017, foram inseridos os códigos de interação social adotados no quadro das Enfermidades Virais e que visam conter a propagação do novo coronavírus. Com efeito, as novas práticas de saudação adaptadas às medidas de higiene e etiqueta respiratória, elencadas pelas autoridades de saúde em regime excecional neste período, têm como objetivo reduzir a exposição e transmissão da doença no contexto da pandemia COVID-19. É provável que as saudações sanitárias surjam no âmbito dos hábitos e costumes emanantes da esfera protocolar.



As saudações conforme as culturas


Apertar a mão, fazer vénias, abraçar, beijar... Cada cultura tem a sua maneira particular de dizer 'olá' e 'adeus'. Mas em todas cumpre funções muito parecidas. Com efeito, cada cultura elaborou fórmulas próprias para cumprimentar, algumas bastante insólitas. No Japão, por exemplo, a educação exige que, quando os homens se encontram na rua, antes de se cumprimentarem, mostrem a roupa e o chapéu. É para nós, de facto, um costume muito curioso. Em todo o caso, repita-se, há justificações e eu passo a explicar algumas: este era o modo de garantir ao outro que não transportavam armas escondidas. Os habitantes da Nova Guiné, em contrapartida, recebem os estrangeiros com a cabeça coberta de hera, que não é mais do que um sinal local de amizade. Seja como for, hoje a saudação mais habitual em todo o mundo consiste em dar a mão direita, formalizando o emblemático 'aparto de mão'. Mas nem todas as saudações consideradas insólitas são verdadeiras. Por exemplo, a famosa saudação dos inuítes (ou esquimós), que esfregam os narizes, é na realidade um complemento às mãos que se apertam.

Hoje, dar a mão a alguém não serve para demonstrar que se está desarmado, até porque a agressão e o armamento hoje em dia assumem todas a formas e feitios, mas sim para romper com situações embaraçosas, como não saber a maneira de entabular a relação, ou para afirmar a própria identidade (e a do interlocutor). Para além disso, mais apresentações têm implícitas expressões que assinalam diferenças de hierarquia, idade, sexo, parentesco ou pertença ao grupo. Neste sentido, um beijo ou um abraço implicam mais proximidade do que um simples aperto de mão. Curiosamente, devo dizer, muitas sociedades pouco evoluídas em outros aspetos, como as de alguns reinos africanos, são sem dúvida mais escrupulosas no cumprimento dos rituais de diferenciação.

Entre os japoneses, o ângulo de inclinação da reverência assinala o respeito que transmite a saudação. Por certo, da China ao Japão, da Coreia aos países ocidentais, salvo casos muito pontuais (que eu não vou frisar nesta publicação para não criar confusão), o cumprimento mais obsequioso consiste em inclinar-se. No fundo, numa linguagem mais ou menos universal, curvar-se é como tentar reduzir a própria estatura para fazer o outro sentir-se maior, pelo que, mais satisfeito, mais confiante.

Mais exemplos: o fascínio que o Império romano provocava em fascistas e nazis levou-os a ressuscitar a saudação antiga, que curiosamente mostrava a ausência de armas, e que consiste em esticar o braço com a palma da mão aberta. Por outro lado, a saudação com três dedos, como faziam os membros da famosa Schutzstaffel (SS), organização paramilitar ligada ao 'führer' Adolf Hitler, é hoje empregue por grupos e organizações neonazis para marcar a sua diferença, e isto, tanto por parte dos militantes de esquerda como de extrema-direita. As fórmulas são de facto muitas.



A sequência estrutural do cumprimento


Claro que, se queremos analisar o significado da saudação, temos de fixar-nos um pouco antes. As investigações de um grupo de psicólogos norte-americanos, especialistas em comunicação não verbal, realçaram que o cumprimento começa antes de darmos o tal aperto de mãos, abraço ou beijo.

Ao que parece, todos respeitamos instintivamente a 'sequência estrutural' do cumprimento, que se desdobra em pelo menos quatro fases. A primeira consiste num sorriso ou gesto de reconhecimento (levantar um braço ou agitar a mão), quando o conhecido entra no nosso campo de visual. Depois, há que preparar-se para o encontro propriamente dito: compomos a postura, ajeitamos instintivamente o cabelo e aproximamo-nos. Em seguida, surge a dita saudação, com frases rituais que servem na realidade para afirmar a própria identidade e reconhecer a do outro. Por último, esta sim é a fase da 'ligação', um intercâmbio de frases convencionais do tipo «como estás?», que, apesar de se tratar de uma pergunta ou dúvida, servem apenas para introduzir ação verbal e estabelecer diálogo.



O aperto de mãos


Cuidado com esta ação, se está a pensar concorrer a certos lugares relacionados com emprego. Cada vez menos confiantes nos currículos, algumas empresas, mais exigentes, desenvolvem métodos de seleção mais fiáveis na hora de contratar, e, nestes casos, a primeira entrevista aparece lavrada com recurso a este item (ver publicação de 2013 «Dicas sobre entrevistas (os erros)». Basta dizer que mais de metade dos candidatos não chega sequer ao segundo 'round' devido a esta (primeira) ratoeira. Pois trata-se de uma fonte riquíssima de dados. Examinar um simples aperto de mão permite sacar um fardo bastante completo de informações acerca da personalidade das pessoas; neste primeiro contacto, nem os seus sentimentos, nem a posição que pretendem assumir na relação escapam a um scaneamento hábil. Dar a mão é a forma mais ritualizada de tocar no outro. Pode parecer exagero aos olhos do comum dos mortais, mas através deste gesto - singelo - são filtradas informações importantes. Este aperto de mão cria uma, senão a derradeira, abertura entre duas pessoas que autoriza uma interação posterior. Uma das caraterísticas deste ritual, que normalmente passa despercebida, é que se trata de um comportamento tipicamente masculino. Embora a mulher tenha começado a utilizá-lo, em parte devido à sua entrada no mundo dos negócios, o aperto de mãos feminino costuma restringir-se a uma saudação de apresentação.

Resumindo, é possível desvendar algumas leituras imediatas através de um aperto de mãos praticado com os nós dos dedos para cima (indicador de personalidade instável, indiferença e falta de saúde) ou com a mão márcida, com reticência ou na vertical (denotando fórmulas típicas de gente pouco educada, pretensiosa, egoísta, pouco digna de confiança e até antissocial), entre outros, fique a saber que o olhar, a inclinação do rosto, do braço e do antebraço, a posição do corpo e até a proximidade - a chamada 'distância social' (termo usado pelos peritos) - entre ambos, carregam um conjunto de valores preciosos para se poder esquadrinhar corretamente um cumprimento.



Os beijos e abraços nos cumprimentos


A partir do Renascimento, produziu-se na Europa uma espécie de homogeneização no cumprimento, que se vai impondo à base de modas. Porém, muitas diferenças continuam a manter-se. No mundo atual, é cada vez mais habitual pôr-se em contacto com pessoas de culturas diferentes e, sem nos darmos por isso, podemos causar uma má impressão. Elas, por sua vez, também podem parecer-nos frias ou demasiado efusivas. E não é só uma questão da forma de dar a mão ou inclinar-se. Em certos lugares, o cumprimento dá-se a maior ou menor distância, e o facto de mantermos aquela a que estamos acostumados pode provocar rejeição. Noutros países, como a Índia ou a Etiópia por exemplo, não é bem visto beijar-se quando se cumprimenta (ou se despede).

Acontece que o toque dos lábios, isto é, o'beijo', fez desde sempre parte dos métodos de saudação mais utilizados. Se recuarmos no tempo, na época de Marco Pórcio Catão, os romanos beijavam as mulheres da família nos lábios para se certificarem de que o seu hálito não cheirava a vinho, pois não era bem visto que o bebessem. Contudo, um certo dia, no século XVI, quando em França se mudou o costume de beijar as damas na face pelo chamado 'baisemain' (beijo na mão), o célebre filósofo humanista francês Michel de Montaigne (1533-1592) terá exclamado: «Por cada três mulheres belas havia que beijar cinquenta feias, e um mau beijo ultrapassa com juros um bom». Hoje em dia, o beijo está muito expandido na Europa, e na América Latina é frequente usá-lo com os mais chegados, como a família e os amigos íntimos, por se tratar de um gesto afável, terno e humano. No entanto, também aqui não podemos menosprezar outros códigos ritualizados, como, entre outros, os três beijos russos, que neste caso representam essencialmente «respeito».

Neste estudo, nada é deixado para trás. Todavia, nesta publicação relacionada com o cumprimento não verbal, não me posso obviamente debruçar sobre todos os códigos, mas também aqui vale a pena realçar os menos complexos, até porque alguns deles, mais frequentes, talvez sejam mais úteis para a maioria dos leitores. Por exemplo, os beijos que se dão de raspão na face, ou no ar, como para não estragar a maquilhagem, não deixam grandes dúvidas para quem detém algum conhecimento nesta temática; este aceno, aparentemente reverente, carrega na realidade falta de sinceridade, repulsa e um conjunto de sinais - mais ou menos percetíveis - denunciados pela hipocrisia.

Se aos olhos de Marco Túlio Cícero, célebre filósofo, orador e escritor da Roma Antiga, o rosto é o espelho da alma, atualmente, conforme salientado no artigo de julho de 2012 «Ser ou Parecer, Eis a Questão!», aos olhos da ciência da fisionomia somos melindrosamente perspícuos. Em «Os Códigos dos Cumprimentos» apenas foram abordados alguns traços que compõem um pequeno gesto impulsivo e espontâneo que é a saudação. Basta dizer que ao longo de uma vida inteira, uma pessoa pronuncia cerca de 345 mil vezes bom dia (ou konichiwa, bonjour, etc.), num hábito que vai totalizando mais de 190 horas. A interpretação das atitudes corporais leva aos peritos anos de estudo e de prática. Qualquer olhar, postura, tom de voz ou gesto diz mais sobre o que somos e pensamos do que um elaborado discurso ou currículo. Métodos analíticos deste género, julgados inadmissíveis por grande parte da sociedade devido ao rastreio considerado invasivo, vão determinando algumas prioridades junto de entidades. Nenhum disfarce resiste ao escrutínio cirúrgico e penetrante de alguns especialistas implacáveis da ciência do não verbal.



Cumprimentos sanitários


Se lançarmos um rápido olhar à panorâmica do mundo atual ficamos estupefactos ante a pauta de circunstâncias que se nos depara. Por um lado, um mundo reduzido nas suas dimensões, um mundo em que os diversos meios de comunicação quase dissiparam distâncias. Por exemplo, ser cortês, na vida privada, é o mesmo que ser protocolar na vida oficial, só que o primeiro aprende-se logo na infância, e o segundo vai-se aprendendo. Todavia, por outro lado não posso concluir este exame sem abordar os chamados cumprimentos sanitários, incentivados de supetão por motivos de saúde pública. Tratando-se de Enfermidades Virais associadas a uma epidemia mundial ou pandemia, neste caso a sociedade não dispõe de grande margem de adaptação para implementar novos hábitos e costumes (de higiene).

Com efeito, a propagação da doença COVID-19 (Coronavirus Disease), provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome) e identificada pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan (China), levou alguns países a dar indicações sobre novas formas de saudação entre os cidadãos. O aperto de mão, entre outros, sofreu um abalo fulminante.

Não querendo perder elementos importantes da conexão humana, uns usam a criatividade para manter os bons costumes da socialização. Entre as novas práticas de saudação destacam-se o toque do cotovelo, contacto com os pés (ou Wuhan Shake) e simples aceno.


CRIMES NA INTERNET
01 Oct 2015
Na semana passada, a Polícia Judiciária deteve um jovem de 23 anos suspeito de ter abusado sexualmente de uma menina de 12 anos, em Viana do Castelo. O presumível pedófilo terá utilizado as redes sociais para abordar (há cerca de um ano) e cultivar a confiança da menor. Uma relação, supostamente amigável mas virtual, que depressa culminou num encontro físico. O crime terá ocorrido no dia 20/09/2015, segundo indícios recolhidos no inquérito e confissão obtida da vítima alguns dias depois. Quanto ao suspeito, sujeito a termo de identidade e residência, desconhece-se, ainda, a extensão exata dos crimes praticados. A natureza destes crimes e do ambiente em que se desenrolam cria dificuldades à investigação.

Polícia Judiciária
O Ministério Público tem vindo a manifestar especial preocupação quanto à prática de crimes relacionados com predadores sexuais infantis na Internet, entre outros. Para muitos jovens (e crianças), boa parte do quotidiano é hoje passada on-line, sem supervisão parental ou controlo dos supostos protetores. Entre as múltiplas seduções da Net, surgem espaços de convívio, de jovens e menos jovens, atraindo uma geração para quem o contacto físico não tem a mesma importância que para as gerações mais velhas. Depressa trocam uma conversa de café por horas, diante de uma máquina virada para o desconhecido.


Pondo de lado comportamentos ligados ao vício pelos jogos de computador, como o conhecido 'caso Snowly' cujo vício implicou a morte por exaustão (após três dias de jogo sem interrupção no famoso World of Warcraft), nesta matéria existem ainda sérios problemas por resolver. Um dos maiores é, sem dúvida, a segurança. Estar on-line, hoje, é menos seguro que há cinco ou dez anos atrás. As barreiras de proteção são mínimas em relação a todas as ameaças que enfrentamos sempre que nos ligamos à rede. E, infelizmente, a maior parte da inovação na área da segurança regista-se no 'lado negro da força'. Isto porque o risco que corremos ao tentar fazer algo ilícito na Internet é relativamente baixo quando comparado com a recompensa. A dependência que os jovens têm da rede global, em particular das redes sociais, é imensa, o que também deve ser considerado um problema.

Na realidade, os crimes cometidos via Internet, o chamado «cibercrime», têm pouco de virtual. Não existem estatísticas claras da cibercriminalidade em Portugal. Contudo, com base nas queixas que chegam ao Ministério Público, o desenvolvimento dos crimes cometidos por meio de um sistema informático tem vindo a amplificar subtipos cada vez mais presentes e complexos, passando nomeadamente pelos cibervandalismo, ciberintrusão, ciberbullying, ciberativismo e ciberterrorismo, entre muitos outros. Se a falsidade informática, incluindo a simples criação de perfis falsos e blogues com objetivos perniciosos, sob formas mais ou menos explícitas, como a manipulação, injuria, difamação ou burla (os delitos relacionados com compras na Internet também têm vindo a crescer de forma clara), é uma das formas mais comuns de 'cibercrime' em Portugal, o aliciamento - em que um adulto atrai um menor de idade para um encontro, como no caso abordado no meu artigo de hoje - continua a merecer uma preocupação especial. Esta semana, foram igualmente detidos pela Unidade de Combate ao Crime Informático da Polícia Judiciárias vários indivíduos, alegados pedófilos, acusados de publicarem fotografias de menores em sites de pornografia infantil. Parte do material publicado, agora apreendido, corresponde a fotografias roubadas - de partilhas - nas redes sociais. As práticas consideradas como cibercrime dividem-se em três categorias: contra o Estado, conta a propriedade e contra pessoas. Por exemplo, o caso hoje apresentado na introdução (a cargo da Polícia Judiciária de Braga) configura-se no cibercrime contra pessoas.

Se por um lado, no âmbito da investigação criminal livre de complexidades burocráticas, o Ministério Público beneficia (desde o ano de 2013) de um entendimento de cooperação com algumas redes como o Facebook (entre outros operadores), por outro continuamos a assistir a uma formidável falta de vigilância e controlo por parte de pais, educadores, cuidadores e encarregados de educação. Se a investigação criminal tem vindo a fazer prova de eficiência, ultrapassando alguns obstáculos como, por exemplo, os dos pontos de acesso público à Internet ou servidores proxy geralmente utilizados pelos agressores, este combate passa pela educação e pelo envolvimento dos pais nas atividades e utilizações que os seus filhos fazem da Internet. Nas crianças abusadas sexualmente, os danos são irreversíveis e estes não dependem das penas, pesadas ou leves, aplicadas judicialmente aos arguidos (condenados). Há várias atitudes que permitem melhorar a segurança e impedir ataques de predadores sexuais.

Se para o coordenador do Gabinete Cibercrime da Procuradoria-Geral da República, Pedro Verdelho, as diversíssimas problemáticas jurídicas aportadas pela Lei necessitam de ajustes, para os pais, preocupados mas que não sabem como fazer ou por onde começar, para já fica a sugestão do «Projeto ParentNets». Trata-se de uma iniciativa inovadora, com o objetivo de aumentar e melhorar o envolvimento dos pais nas atividades e utilizações que os seus filhos fazem da Internet, com especial foco na identificação e prevenção dos riscos decorrentes da utilização destas tecnologias pelas crianças e adolescentes. O principal desígnio deste projeto situa-se precisamente na produção de material multimédia para orientar, auxiliar e formar pais e educadores na utilização da comunicação digital na Sociedade do Conhecimento e os riscos associados a essa utilização. Outra sugestão é o sítio do «Projecto Internet Segura». Neste portal os cibernautas podem denunciar conteúdos ilegais na Internet, como xenofobia, violência extrema e pedofilia. Na parte superior desse portal, basta clicar em Riscos e Prevenção para aceder a dicas para utilizar o correio eletrónico, redes de conversação ou blogues, entre outros, sem correr riscos. Mas também trata de fenómenos muito em voga como o sexting, cyberbullyng, phishing e roubo de identidade, por exemplo. Para os mais pequenos (as potenciais vítimas), o Gabinete de Coordenação da Actividade do Ministério Público na área da Cibercriminalidade (Gabinete Cibercrime) colocou no seu portal um livro «Tu e a Internet» que pode ser folheado on-line.


OS GENES E NÓS
16 Jul 2013

Os genes, unidades fundamentais da hereditariedade, poderiam transmitir apenas a informação suficiente para especificar as características mais gerais do cérebro, mas a sofisticada construção que faz de nós o que somos vem precisamente da experiência da vida. Os neurónios formam continuamente novas ligações, chamadas 'sinapses', com outros neurónios, amplificando os circuitos necessários para nos orientarmos no labirinto da vida.

O cérebro humano é uma maravilha natural que nos confunde o espírito. É constituído por cem mil milhões de células nervosas, protegidas (e alimentadas) por perto de três milhões
Os Genes e Nós - Raquel Pimentelde milhões de células de apoio. E saindo de cada neurónio há um delicado 'cabo de comunicação', chamado axónio, que se ramifica e torna a ramificar, como a ramagem de uma árvore, permitindo que a célula de origem envie as suas mensagens, através de ligações sinápticas, para milhares de outras do seu tipo. Segundo o neurobiólogo do Massachusetts Institute of Technology - MIT, H. Robert Horvitz, identificar os sinais químicos que guiam os axónios tem sido uma espécie de procura do Graal. No total, existem mais ligações sinápticas dentro de um único crânio do que estrelas no universo. A verdadeira essência do cérebro é esta maleabilidade, e é esse facto que deixa céticos muitos biólogos quando alguns sociólogos e psicólogos afirmam - como o fizeram Richard J. Herrnstein (1930-1994) e Charles Murray no seu livro, The Bell Curve (A Curva do Sino) - ter encontrado provas de que a qualidade a que chamamos 'inteligência' é essencialmente inata.

Se fosse possível, como nas histórias de ficção científica, «teleportar» um ser humano para outro planeta, a forma mais simples e eficiente seria transmitir os códigos genéticos - as compactas sequências de instruções para (re)criar rins, pulmões, coração, fígado, pâncreas, músculos, ossos, olhos, etc. - e usá-los para reconstruir um homem ou uma mulher. Mas este plano falharia irremediavelmente no que diz respeito ao complexo órgão, sempre em evolução, que é o cérebro, pois. Ao contrário dos restantes órgãos, o cérebro está desenhado de forma a modificar-se, ou, melhor dizendo, adaptar-se através da experiência, moldando-se continuamente ao mundo exterior.

Raquel Pimentel - Website: The Bell CurveO referido livro teve grande repercussão e desencadeou de imediato acesa polémica nos Estados Unidos, refletida, por exemplo, em três longos artigos no The New York Times, em que são apontadas as inconsistências teóricas e científicas dos dois sociólogos. Em resumo, Herrnstein e Murray afirmam que, geneticamente, a raça branca é mais inteligente que a raça negra, por exemplo, baseando-se em análises estatísticas de testes psicológicos e de quocientes de inteligência (QI). The Bell Curve veio alimentar as fogueiras do racismo e desencadear fortes reações, mas o facto é que, do ponto de vista científico, pouco ou nada vale, porque os seus autores ignoraram tudo o que faz do cérebro um extraordinário mecanismo e, sobretudo, a superior capacidade de adaptação. Além do mais, e como bem se sabe, os testes de QI são perfeitamente inadequados, cientificamente incorretos e nada mais revelam que os preconceitos e «certezas» de quem os elaborou. Não tenhamos dúvidas que se fosse possível a uma tribo selvagem fazer passar «brancos civilizados» por um QI baseado na organização social e conhecimentos da tribo, o branco certamente seria classificado como um imaculado idiota.

Tanto num caso como noutro, o Homem considerado são, porque é pessoa, não se entregaria a outro homem que pudesse considerá-lo como coisa sua (inferior). Seria regressar a uma conceção pagã da autoridade, em virtude da qual o antigo 'senhor' possuía seus escravos pelo mesmo título que suas tropas ou terras. Este 'refinamento' do sistema humano continua pela vida fora, e é por isso que as pessoas conseguem dominar novas disciplinas ou produzir ideias revolucionárias até à velhice.


Dicas sobre Entrevistas (os erros)
01 Jun 2013
Nos últimos quinze dias decorreu uma série de entrevistas relacionadas com a admissão de pessoal. A iniciativa esteve dirigida a licenciados em diversas áreas. Para ser precisa, não estou autorizada a fornecer detalhes sobre o assunto. Pelo que, como assistente desse processo, adaptando e dirigindo este post aos mais novos, vou somente tentar 'examinar', sob firme base teorética, alguns erros penalizadores - considerados grosseiros - cometidos por parte de um importante número de candidatos. Com isto apenas espero contribuir no sentido de ajudar a detetar ou analisar hábitos que devem ser trabalhados ou abandonados. Este contributo é válido para qualquer nível ou cargo, não exigindo, necessariamente, a posse de qualquer licenciatura. Cabe ao leitor decidir, sob a sua própria reflexão, em que medida os exercícios descritos neste exposto constituem, para si próprio, uma orientação aplicável.

Falta de convicção


Quando uma pessoa, neste caso candidata, determina o fim que pretende atingir, deve descrevê-lo com clareza. Os gregos da antiguidade consideravam a retórica como uma questão de plausibilidade e não de verdade. O que exaltava era a clareza da dicção e não o valor dos juízos. Sócrates, no entanto, disse que o objetivo mais importante era a verdade, e Aristóteles definiu a retórica como a arte de persuadir um auditório que não pode captar de relance um grande número de argumentos. É talvez melhor dizer que a retórica, tendo por objetivo a persuasão, utiliza, para atingir um determinado fim prático, tanto a verdade científica como a emoção genuína, de modo que faz uma (aquela) combinação da verdade e da persuasão. Não existem milagres nesta tese, a determinação e o sucesso da ideia principal de um discurso exige que se conheça o assunto e bastante bem o método capaz de produzir nas pessoas o efeito desejado.

Dicção deficiente


Para determinadas empresas, muitos são os incautos que se esquecem que a distância (aparentemente natural) que separa o entrevistado do entrevistador é meticulosamente estudada. Os indícios são bastante elementares. Nestes casos, as características da mobília utilizada proporcionam ao candidato um agradável conforto talvez, para além de fixarem as marcações predefinidas. Este método é habitualmente usado para estabilizar distâncias quando a análise centra-se na expressão vocal. Se acha que esta avaliação apenas se destina a locutores, atores e restantes profissionais cuja atividade culmina nos dotes vocais, desengane-se. A simples fala de um indivíduo (linguagem, projeção, dicção, respiração, etc.), quando submetido a um questionário presencial, fornece muitas e preciosas respostas. Um olhar atento à nossa linguagem corporal também revela, nestas ocasiões, muito sobre nós mesmos. No post «A linguagem do corpo» encontrará o significado de alguns dos gestos e posturas mais habituais ao longo de uma conversa. Em «Dicas para Melhorar a Voz» são abordados, de forma sucinta, os principais alicerces da voz. Tópicos como a respiração, dicção, ortoépia, a pronúncia ou a emissão de voz são observados no artigo.


Raquel Pimentel - QuintilianoQuintiliano (Marco Fábio Quintiliano ou Marcus Fabius Quintilianus), romano da antiguidade, professor de retórica, que à parte o seu interesse teórico foi sem dúvida um dos maiores oradores, disse que a dicção, para muitas autoridades, é a verdadeira ação. Em si mesma a dicção possui no discurso um poder maravilhoso e uma grande eficácia, pois não importa tanto a espécie de pensamentos que compusemos na nossa mente, como a maneira em que eles são expressos, visto cada indivíduo, no nosso auditório, ser movido pelo que ouve. Muitas qualidades somenos, quando animadas por uma dicção enérgica, produzirão um efeito mais poderoso do que a mais excelente linguagem destituída desta vantagem.
A dicção, em televisão como em qualquer outro meio de comunicação profissional ou particular, depende em geral de dois fatores - voz e gesto - um dos quais apela para os olhos, e o outro para os ouvidos. Ora, as boas qualidades da voz, tal como todas as outras faculdades, são melhoradas pelo estudo e diminuídas pela incúria.

A evitar


Posturas impróprias ou claudicantes. Em virtude da posição - acanhada - da cabeça, os músculos da garganta e da parte superior do peito estão contraídos. Deste modo a ressonância da voz e, consecutivamente, o poder de expressão ficam diminuídos. Existe um grande número de seminários e cursos destinados a educar a fala. Convido-o a consultar no post «Dicas para melhorar a voz» o resumo de algumas recomendações mais imediatas.

A banir


LaetiteaIndependentemente dos atributos da pessoa empregadora, as operações de charme (mesmo subtis) devem ser banidas de todo. Quem se presta a esse tipo de subterfúgios revela intenções pouco produtivas aos olhos de quem procura valores dignos de referência. Lembre-se que Portugal está a atravessar uma época calamitosa em termos de contratações e poucos são os empregadores (sérios) interessados em suportar despesas consideráveis, mensalmente, em troca das galanteadoras habilidades.

Ainda dentro desta linha: tutear o empregador é outro infeliz atrevimento geralmente fatal. Tenha a idade que tiver quem o está a examinar, a sua concentração passa imperativamente pelo Respeito. Basicamente, como em qualquer relação, não existe trabalho de equipa, ambiente de equipa, cumprimento de horários, dedicação, sacrifícios, qualidade ou confiança se o 'Respeito' não for uma virtude. Ficar bloqueado no meio do trânsito, penalizando uma equipa constituída por 10, 50, 100 ou 1000 elementos, é um irremediável atestado de incompetência, de desrespeito e de traição para muitas empresas sérias. O sucesso de uma empresa passa sempre pela disciplina (coletiva). Qualquer empresa bem sucedida é administrada por pessoal prevenido. Em suma, não se iluda com a aparência, o género ou a idade do empregador, se este for de natureza rígida e implacável, mesmo que a entrevista pareça saudável até ao fim, a ousadia de duas letras apenas (tu) encarregar-se-á de a sepultar.

Conclusão


Antes de qualquer entrevista decisiva, a preparação é imprescindível. Lembre-se de que o presidente, diretor, patrão ou chefe, etimologicamente, é aquele que está à cabeça, ou, melhor ainda, aquele que é a cabeça. A cabeça é que vê, promove ação no interesse comum de todo o corpo. Pense nisso e boa sorte!


A Máquina ou Nós (2ª Parte)
12 Mar 2013

(2ª Parte)


Gödel, diga-se a apego da verdade, não tinha a aparência típica de um revolucionário. Magro, modos pacatos, falava pouco e preferia a solidão. Em Princeton, costumava abrigar-se na cantina para fugir aos visitantes sempre ansiosos por ver uma celebridade como ele. Apesar desses atributos, as suas proposições eram realmente revolucionárias - tanto que provocaram longas e acesas discussões, não apenas entre matemáticos, mas também entre os filósofos. A ideia de que é impossível provar por meios matemáticos que a Matemática não esteja em contradições mudou radicalmente muita coisa. E isso também noutras matérias, como no caso da Física e a Biologia.

Mas eis que uma outra luz se acende no infinito túnel do conhecimento. Recentemente, relativamente, alguns teoremas tidos como indemonstráveis (pelo menos pelos meios ortodoxos) têm sido provados com a ajuda de calculadoras ou computadores. Por exemplo, o teorema das quatro cores. Bastam quatro cores para colorir um mapa (ou uma colcha de retalhos) de modo que nenhum país seja vizinho de outro da mesma cor. Em 1976, os americanos Wolfgang Haken e Kenneth Apple demonstraram isso mesmo, através de um computador durante 1200 horas.

A Máquina ou Nós (2ª Parte) - Raquel Pimentel

Para muitos matemáticos, o uso de computadores em demonstrações desse tipo seria como usar um trator para escavar minuciosamente uma zona arqueológica. Acham que eles produzem uma cadeia finita de verificações, enquanto uma demonstração matemática deve ser breve, clara e concisa. Para mim, isso já é exagero. Encontramo-nos nos tempos modernos e por certo que neste século temos preocupações cuja resposta encontra-se na multidisciplinaridade. Mas é certo que jamais, como hoje, a intuição humana contrapôs-se à lógica mecânica. Quando Gödel garantia que os formalismos são limitados, no fundo estava a provar, em síntese, que o homem é e será sempre superior à máquina. Mesmo que a máquina seja a mais indicada para executar, cabe-nos, a nós humanos, pensar!


Fim



Devido à extensão do texto, resolvi dividir o post em duas partes. Para aceder à primeira parte desta publicação, clique em A Máquina ou Nós (1ª Parte)

A Máquina ou Nós (1ª Parte)
10 Mar 2013

(1ª Parte)


No começo do século anterior, o matemático alemão David Hilbert (1862-1943) propôs uma série de 23 problemas que, previa ele, determinariam o rumo da Matemática nos anos seguintes. Uma frase do texto com que apresentou esses ditos problemas não passou despercebida: ‘Enquanto um ramo da ciência oferecer uma abundância de problemas (a resolver), ele permanece vivo’. Pois bem, em 1931, um então ainda jovem matemático austríaco, Kurt Gödel, apresentou um trabalho de algumas dezenas de páginas, cheias de símbolos, - e nele deixou claro que Hilbert não estava inteiramente certo nas suas conceções.

A Máquina ou Nós - Raquel Pimentel
Kurt Gödel (1906-1978)
Kurt Friedrich Gödel nasceu em 1906 na cidade de Brünn, na época inserida no território austro-húngaro (hoje Brno, sob o domínio à República Checa). Formou-se em Matemática e Física na Universidade de Viana e lá lecionou até 1938. Fugindo da guerra, viajou para os Estados Unidos, tornou-se cidadão americano e integrou-se ao famoso Institute for Advanced Study (Instituto dos Estudos Avançados da Universidade de Princeton). Morreu em 1978, aos 72 anos, e já então era tido como um revolucionário da ciência. A Matemática é considerada uma ciência sem contradições. Supõe-se que quando algo é provado matematicamente, aos olhos da Epistemologia fica irrefutável. Essa ‘crença’ gerou expressões populares do género ’tão certo como dois e dois quatro’. Gödel mostrou que mesmo dentro de um sistema rigidamente lógico, como o que foi desenvolvido para a Aritmética, podem ser formuladas proposições que são indecidíveis ou indemonstráveis, dentro dos axiomas desse sistema. Isto é, dentro do sistema existem enunciados precisos que não podem ser provados nem negados. Portanto, não se pode, usando os métodos comuns, provar que os axiomas da Aritmética não são autocontraditórios.

Essas teorias ou teoremas de Gödel conduziram a um novo ramo da lógica matemática, mais precisamente à teoria da indecidibilidade. Nas suas implicações desmarcadas pela incompletude, a descoberta de proposições indecidíveis foi tão perturbadora no século XX quanto deve ter sido para os pitagóricos, no século IV a.C., a revelação, por Hippasus (ver mitologia), da existência de grandezas incomensuráveis. Mas uma consequência que ultrapassa os limites da Matemática é a que parece condenar um perseguido ideal da ciência: inventar uma coleção de axiomas dos quais todos os fenómenos do mundo natural possam ser deduzidos. (continua...)


Fim da 1ª Parte


Devido à extensão do texto, resolvi dividir o post em duas partes. Para aceder ao resto desta publicação, clique em A Máquina ou Nós (2ª Parte)
Darwin e Nós
18 Dec 2012
Não há dúvidas de que quando se pretende trabalhar para e com as pessoas, tudo gira à volta da sua anatomia psíquica. A fórmula é abrangedora, bastante elementar e decisiva: é preciso conhecer o passado para entender o presente. Com base nestes dois elementos fulcrais é então possível calcular, traçar e/ou deduzir o futuro (ver publicação relacionada: Ser ou Parecer, eis a questão!)

A Origem das Espécies de Charles Robert Darwin
Em 1859, a publicação da obra de Darwin A Origem das Espécies irrompeu no mundo teológico como o arado num formigueiro. A teoria de que o homem descende de um primata inferior fez estremecer os alicerces do Vaticano. Para calar semelhante heresia, que parecia regalar o Genesis a uma fábula, a Igreja católica criou organizações científico-religiosas e tirou os seus prebostes das palestras com a intenção de desprestigiar Darwin e os seus acólitos.

Com este propósito, foram convidados Samuel Wilberforce, bispo de Oxford, e outros clérigos para a reunião da Sociedade Britânica de Oxford de 1860. Atraídas pela expectativa do debate, cerca de 700 pessoas acorreram ao museu da cidade. Um atrás do outro, os representantes da Igreja foram-se levantando para rebater as ideias darwinianas.

O australopitecos - Darwin e Nós
o Australopithecus anamensis, o nosso parente mais remoto
O último a tomar a palavra foi o bispo Wilberforce, um incontestável mestre na oratória sagrada e na melindrosa arte de exacerbar os preconceitos, que, dirigindo-se ao fisiólogo Tomas Huxley, perguntou: 'Darwin pretende descender de um macaco por linha do avô ou da avó?' A chacota episcopal terá provocado uma sonora e frenética gargalhada no auditório. Não há dúvidas de que, se o bispo pudesse levantar hoje a cabeça, ao abdicar seguramente deste tipo de conhecimento, desejaria regressar sem grandes cerimónias para o seu descanso eterno.


Salvo os criacionistas, hoje ninguém duvida de que os humanos são primatas e que, como tal, têm um parentesco evolutivo com criaturas tão díspares como são os saguis, os macacos e o gorila. No mundo biológico, os laços de irmandade tornam-se mais patentes. A maioria dos cientistas concorda em dividir a estirpe dos primatas em três grupos: os társios, os prossímios e os antropoides. Este último reune os primatas superiores: os macacos do Novo Mundo (platirrinos) e os do Velho Mundo (catarrinos), incluindo a espécie humana.

Darwin e Nós - Raquel Pimentel
Apesar das explicações pouco 'protuberantes' com os australopitecos, criaturas simiescas, a alegarem posturas hominídeas há cinco milhões de anos, considera-se iniciada a aventura da evolução humana.


Pensar com Matemática
25 Sep 2012

A Matemática nas escolas


Porque será que estudantes sagazes, brilhantes e inteligentes evitam a todo o custo a Matemática? Ela é a chave para o sucesso científico, tecnológico, industrial e comercial, mas poucos são os que a ela se dedicam com prazer. Relatórios emitidos por entidades como a Sociedade Americana de Matemática têm vindo a apresentar, nos Estados Unidos, números preocupantes de doutoramentos na área. Esta preocupação não é nova. Na década de 80, o presidente do Comité da Sociedade, Edward A. Connors, declarou, ansioso, que isso representa uma ameaça para a segurança nacional e para a competitividade económica do país, no cenário internacional. Talvez devêssemos relacionar estas declarações com o atual panorama económico.

Muitos foram os alertas publicados no jornal de circulação diária The New York Times. Alguns provenientes da então chefe de orientação curricular da Universidade de Wesleyan, Sheila Tobiss. Preocupada com os sintomas de ansiedade na matemática dos jovens estudantes, em 1975, Sheila decidiu abrir uma Clínica para Ansiedade Matemática. Colocou símbolos matemáticos por toda a parte do edifício. Como parte do tratamento, encorajou os ’pacientes’ a falar das suas experiências nessa área. O sucesso dessa terapia era bastante motivador, antes de embater noutros obstáculos (posteriores) de peso como a Geometria. O abrandamento do ’curativo’ não desanimou Sheila Tobbis. Reduzindo as metas a atingir, a «Terapêutica de Tobbis» limitou-se a assegurar as bases essenciais de Matemática nos recém-formados em História ou Literatura, por exemplo.

Raquel Pimentel - Pensar com Matemática
A Geometria bloqueou os intentos de Sheila Tobbis

Independentemente das estratégias enfadonhas ou hábeis de ensino bem atuais, persiste o mito de que a Matemática trata de um assunto esotérico, necessário somente aos génios científicos. Os métodos de ensino são frequentemente apontados como principal causa. Falar, pensar e sobretudo escrever sobre Matemática é raro na escola, embora seja uma constante entre os profissionais. Indenpendentemente do ramo de atividade, não existe reunião prezável sem cálculos e raciocínios apoiados em números. Os estudantes imaginam que é preciso decorar para saber; os especialistas, ao contrário, preferem trabalhar as ideias, mesmo quando esquecem a tão ’santificada’ fórmula. É verdade que, para trabalhar as ideias, seria necessário desfrutar de um grau de liberdade que não existe na escola. Os livros, em geral, são manuais de instruções que não fixam a atenção dos formandos, impedindo-os de estabelecer aquilo que os psicólogos chamam de 'reforço espiral': insistir num mesmo ponto, aumentando, gradativamente, o nível de compreensão. Isto deve-se ao facto de que, na maioria das vezes, os assuntos são apresentados ao contrário do que sucedeu no processo de criação.

Raquel Pimentel - Pensar com Matemática (publicação)

Ou seja: uma vez completados os teoremas e suas demonstrações, toda apresentação simbólica e verbal é reorganizada e polida segundo os cânones do método dedutivo. Isso dificulta a compreensão, pois elimina o processo de descoberta e não documenta o traço mais humano da produção. Muitas vezes sonega até mesmo a informação de que o produto final apresentado é o resultado de séculos de pensamentos, erros e acertos de centenas de mentes brilhantes. Talvez seja um consolo saber que alguns erros cometidos durante a escolaridade podem ter sido problemas que a humanidade levou séculos a vencer. Todos nós conhecemos no nosso círculo um ou dois elementos vocacionados para a aridez da matemática. Traçar a súmula do perfil destes especialistas não deixa de ser interessante. Matemáticos não são as pessoas mais inteligentes, necessariamente. São apenas aquelas que se conhecem bem. Sabem quando devem folhear um livro e quando se devem deter longa e atentamente sobre um determinado parágrafo. Não se julgam tão severamente quando não encontram a tão procurada resposta exata. São pacientes, tenazes e raramente muito rápidas.

MARKETING OCULTO
29 Jul 2012

Percepção subliminar


Chama-se 'percepção subliminar' aos estímulos emitidos abaixo do limiar da consciência humana e que influenciam, de algum modo, os nossos atos, pensamentos ou sensações. Existem muitas aplicações do audiovisual enquadradas neste tipo de percepção, sobretudo quando se trata dos chamados 'estímulos subliminares de curta duração', isto é, palavras, sons ou imagens que nos são apresentados em lapsos de menos de 100 milésimos de segundos e que não podem ser captados conscientemente pelos nossos olhos e ouvidos.

Num trabalho clássico dos anos 80, um grupo de psicólogos expôs vários voluntários a uma experiência. Escolheram-se 20 octógonos de forma irregular que foram projetados num ecrã com um intervalo de um milésimo de segundo. Naturalmente, nenhum ser humano é capaz de apreender uma imagem a tal velocidade, pelo que, quando se pediu aos voluntários para reconhecerem os octógonos que tinham visto, não conseguiram fazê-lo. Aparentemente, não tinham visto nada. A surpresa chegou quando os psicólogos pediram aos voluntários que escolhessem, de entre um grupo maior de octógonos, aqueles de que mais gostavam. Nessa altura, escolheram os octógonos que antes haviam sido projetados subliminarmente. A análise estava feita e as conclusões tiradas.

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Imagens subliminares projetadas em 100 milésimos de segundos

Muitos estudos de laboratório (estrangeiro) demonstraram não apenas a existência destas mensagens como a sua influência em certas tomadas de decisão e apreciações. Devido a estas descobertas, o mito do poder do subliminar cresceu consideravelmente nos últimos anos, favorecendo a divulgação de algumas afirmações espectaculares que carecem de fundamento científico claro.

Tudo começou em 1957, quando o prospector de mercado James Vicary declarou que, durante seis semanas, tinha incluído subliminarmente a mensagem «Come pipocas, e bebe Coca-Cola» entre as imagens do filme Piquenique, num cinema de Nova Jersey. Segundo Vicary, o consumo desses produtos aumentou entre 18 e 57 por cento. Embora a sua experiência o tivesse conduzido à fama, o certo é que nunca forneceu pormenores sobre como realizara o teste e chegou mesmo a afirmar, numa entrevista, que tudo não passara de um 'truque de marketing'. A fama das mensagens subliminares não foi afectada por isso. De facto, aprofunda-se constantemente tácticas sobre palavras, gestos ou símbolos de determinado conteúdo ocultos em anúncios, filmes ou séries televisivas, com o objetivo de influenciar as decisões dos consumidores. A fé no poder dos estímulos subliminares chegou a levar à comercialização de material com conselhos para ser feliz ou para desenvolver múltiplas habilidades enquanto se dorme ou ouve música.


Raquel Pimentel - Website - Marketing Oculto
O nosso inconsciente também vê

Os investigadores do comportamento humano utilizam algumas técnicas como a conhecida 'hipnose' para penetrar nos labirintos desconhecidos do nosso inconsciente. Mas há ainda muitas dúvidas sobre as futuras aplicações terapêuticas desta imersão. "Uma possível utilidade", explica Jenny Moix, professora de Psicologia da Universidade Autónoma de Barcelona, "poderá ser o diagnóstico de fobias". Parece que os psicólogos estão dispostos a arrepiar caminho: assim se explica a grande quantidade de investigações científicas realizadas nos Estados Unidos, Inglaterra e Espanha, nos últimos anos, em torno do inconsciente. Por exemplo, para averiguar que aspecto da viagem de avião atemoriza um paciente que, como eu, tem medo dos voos, podem utilizar-se mensagens subliminares com palavras como 'asas', 'motor' ou 'cabina' e observar a reação do indivíduo perante cada uma delas. Um passo adiante nesta técnica seria ir aumentando o grau de consciência dos estímulos até se tornarem plenamente perceptíveis, como terapia anti-fobia.

Porém, a única coisa que a ciência conseguiu demonstrar é que estas mensagens podem ser apreendidas, de algum modo, pelo nosso 'outro eu'. Todavia, não foi, ainda, provado que uma pessoa possa iniciar/praticar um ato guiada por um estímulo subliminar; mais do que isso, sabe-se que, na ausência de sedativos no processo, o nosso comportamento só pode ser modificado mediante a aceitação consciente de estímulos que nos indicam como proceder ou agir. Como a ciência nos diz, um estímulo subliminar não pode levar uma pessoa a beber um refesco ou a comer pipocas contra a sua vontade, nem pode ajudá-la a jogar melhor futebol ou a abandonar maus hábitos, como pretendem alguns produtos 'milagrosos'


Na próxima publicação será abordado o conhecido 'efeito Poetzl' e listados alguns exemplos científicos utilizados para descobrir o mecanismo da mente silenciosa.

Dicas Para Melhorar a Voz
18 Jul 2012

A título de exemplo, tem reparado na postura de um apresentador de telejornal? Se achar que aquela postura é natural, isso significa que, apesar da sua dedução estar errada, a técnica existe e que a sua adoção foi corretamente aplicada.

A dupla de psicólogos Anette Liebler e Peter Borkenau estudou a valoração de um grupo de pessoas filmadas enquanto realizavam um teste de inteligência. Setenta por cento das opiniões emitidas pelos observadores da experiência adaptavam-se à realidade. No entanto, quando os psicólogos suprimiram a voz das gravações, a maioria das avaliações resultou inconclusiva. Por isso, tudo aponta para que, no que diz respeito à imagem formada sobre a inteligência, a voz e forma de falar estão profundamente interligadas. Por outro lado, parece que valorizamos o caráter guiados por estímulos chave como o sorriso, a amabilidade ou o contacto visual. Em consequência, as possibilidades de errar aumentam proporcionalmente à ausência desses estímulos.

Raquel Pimentel - Dicas para melhorar a voz
O Dr. Passos Coelho(*) controla muito bem os gestos e domina perfeitamente a voz (pausas, respiração, etc.). Dificilmente este indivíduo irá cometer gafes.

A ajudante judiciária Jo-Ellan Dimitrius engana-se menos do que muitos outros dos seus colegas ao avaliar as pessoas, talento que vê recompensado com receitas significativas. Jo-Ellan deve o seu trabalho a uma singularidade do direito penal dos Estados Unidos, que permite à defesa aceitar ou recusar os membros do júri, em processos de envergadura, em função das respostas dadas num interrogatório. A ajudante judiciária intui, a partir de detalhes aparentemente insignificantes, se a posição dos nomeados para o júri, relativamente ao réu, é de solidariedade ou de hostilidade.


Falar em público


Mas antes de mais, lembre-se que falar corretamente não se confina a uma boa respiração, dicção, pronúncia, emissão de voz ou distribuição das pausas. Se pensa que saber lidar com o público é o mesmo que extasiar ou graçolar nas redes sociais, desengane-se. Pisar o palco e enfrentar o público ou as câmaras, isto é, submeter-se frontalmente aos humores de milhares de pessoas, requer outro tipo de coragem e certamente outro tipo de vocação, bastante menos artificiais como é óbvio. De facto, se falar em público, com a intenção de informar, entreter ou influenciar, envolver plateias e multidões, a pressão é intensa. Aqui, uma má experiência pode revelar-se desastrosa, e em certos casos traumatizante. Tanto como saber dizer é necessário saber o que se diz. Uma postura confiante, objetiva e tranquila, completada por uma perfeita dicção, pressupõe a inteira compreensão do texto, da sua importância e do seu significado; em suma, o conhecimento completo das diretrizes, do script e dos objetivos a atingir. Em certos casos, o orador tem de possuir uma cultura geral - bastante favorecida - que lhe permita assimilar os pensamentos e dominar um determinado vocabulário, pois só assim todas as ideias que um texto mais complexo encerra confluirão para o verdadeiro e único sentido.

Se bem que este artigo tenha principalmente a ver com a voz, necessitamos de facto de conhecer um pouco melhor certos tópicos. Para os leitores que não estejam bem dentro destes assuntos, a abordagem seguinte pode tornar-se útil.


Respiração


Eis a fundação de toda a arte de dizer. Saber respirar, ao locutor, cantor, ator, político ou qualquer outro profissional cujo ofício necessita dos seus atributos vocais, é tão essencial como para nós se torna indispensável essa função natural, mesmo sem se saber como ou porquê se respira. É a respiração que orienta a articulação, a pontuação, a gesticulação e o próprio gesto. Portanto, não seria possível infletir ou apenas entoar, sem que a respiração - utilizada com determinada técnica - intervenha a desempenhar o seu papel fundamental.

Por um lado, respirar pode resumir-se a um fenómeno orgânico, natural e espontâneo, pois o ar que nos rodeia fornece aos tecidos do nosso corpo o oxigénio de que necessitam para oxidar os nutrientes derivados do sangue, a fim de proporcionar energia aos processos vitais. À exclusão daqueles animais suficientemente pequenos para que o oxigénio alcance as suas células por simples difusão (entrando e saindo através de aberturas no corpo), a respiração é o processo pelo qual o corpo adquire esse oxigénio e expulsa o dióxido de carbono residual. Em suma, quando observada em termos mecânicos, a respiração é efetuada pelo abaixamento do diafragma e elevação da caixa torácica, para a expansão dos pulmões e inspiração - depois o diafragma descontrai-se e a caixa torácica baixa, provocando a expiração. Deve-se ter presente que para o profissional, porém, saber respirar representa muito estudo, um método trabalhoso e complexo de dominar a sua expressão, passando pelo recorte dos volumes de voz, a intensidade melódica ou o timbre.

O mecanismo que gera a voz humana pode ser subdividido em três partes: os pulmões, as pregas vocais dentro da laringe e os articuladores - lábios, língua, dentes, palato duro, véu palatar e mandíbula.

A respiração abdominal (abdómino-diafragmática) é a mais indicada para os cantores ou atores (e alguns políticos), sobretudo porque facilita os seus movimentos, tornando-os mais 'elásticos' e, sem grande esforço ou cansaço, armazena uma grande quantidade de ar. Esta tática permite que o gesto se forme durante a inspiração. Sem ela é praticamente impossível dizer bem. Este tipo de respiração é que gera a conhecida 'voz do peito', de uso mais comum no teatro. A respiração abdominal é, na verdade, a primeira manifestação orgânica; a mais natural ou espontânea, embora seja a menos utilizada. Com efeito, é interessante verificar que só as crianças, e depois os idosos, recorrem a ela. Entretanto, isto é, na idade mediana, a respiração torácica dita 'costal' é quem domina a tendência respiratória no ser humano. Esta respiração revela-se incompatível com palcos ou tribunas porque, para além de fatigante, durante a inspiração provoca uma gesticulação forçada e inestética exercida ao nível dos ombros. Além disto, deixando esta movimentação dos músculos intercostais ou da cavidade torácica para publicações futuras, lembre-se apenas que, frente ao público, o gesto e a mímica fazem-se durante a inspiração e a voz é emitida por força da expiração.


Dicção


Voltando brevemente à respiração, para uma boa dicção a respiração pela boca é o método acertado. Neste caso, renova rapidamente o armazenamento de ar, estimulando com mais facilidade os órgãos mímicos que tornam a voz mais expressiva, mais sonora e indubitavelmente de timbre mais claro. No entanto, verdade seja dita, a respiração pela boca, e nisto se for utilizada de forma contínua, faz enrouquecer. Uma das soluções passa por, nas pausas mais longas, aproveitar o intervalo para respirar lentamente pelo nariz, dando descanso à garganta (naturalmente sufocada e seca).


Pronúncia


Esta enforma outro aspeto extremamente importante para os profissionais; pouco valorizado por uns e causador de grande apoquentação noutros. Sabe-se que entre as situações altamente suscetíveis de forçar parte dos ouvintes ou dos telespectadores a recorrer ao replay (quando o equipamento ou a emissão o permite), contam-se os problemas ligados à pronúncia ou dicção do locutor/apresentador. A palavra tem uma forma correta de ser pronunciada, isto é, deve ser dita, ou declamada, de acordo com as normas definidas pela ortoépia. Se as palavras forem cuidadosamente articuladas, evitar-se-ão os erros gramaticais e a pronúncia será correta e corrente.

Os defeitos mais comuns que normalmente contaminam a boa pronúncia resultam da voz nasalada, troca de letras, da fala ciciosa, do balbuciar, do falar precipitado, do 'R' gutural ou do gaguejar. Estes são alguns dos erros graves que prejudicam o modo de dizer e comprometem a interpretação do texto.


Emissão de voz


Não menos importante, este tópico diz respeito à intensidade com que é expedida a voz; desde o simples falar ao gritar e do sussurro ao gemido. Por exemplo, a emissão da voz utilizada em teatro diverge daquela que é defendida em televisão. Alguns atores manifestam dificuldades de adaptação quando entrelaçam os dois meios. Pois há que calcular a que distância a que nos queremos fazer ouvir e com que suporte técnico. Para além da distância, considera-se ainda as circunstâncias ligadas aos intervenientes ou personagens em estúdio (ou cena), e a média de intensidade que servirá de base para a modulação e 'revelar' os vários sentimentos implicados no guião.


Exercícios e recomendações


Existe um grande número de seminários e cursos destinados a educar a fala, mas, tal como prometido no post anterior «Ser ou Parecer, Eis a Questão», as recomendações mais imediatas podem ser resumidas em «Dicas para Melhorar a Voz»:

  • Descontrair. Respire fundo. Não pressione os cotovelos. Evite o mais possível a tensão nos ombros e na nuca, pois influirá negativamente sobre as cordas vocais.
  • Exercitar a voz. Oscile para trás e para diante enquanto recita algo. Faça este exercício durante meia hora. Assim, melhorará a sua capacidade de respiração, ao mesmo tempo que aumenta a caixa de ressonância do corpo.
  • Treinar a fala. Faça este exercício: fale ao mesmo tempo que segura uma rolha entre os dentes. Melhorará a articulação das palavras e deslocará a fala emitida, da garganta para a cavidade bucal.
  • As pausas. Durante um discurso faça pausas. A respiração abdominal simples - pela boca - serve para as pausas curtas, e a abdominal-costal - pelo nariz - para as longas. A distribuição das pausas e silêncios, feita com oportunidade e justeza, evita a monotonia, ao mesmo tempo que gradua as entoações, tornando leve e emotiva a articulação.
  • A respiração. A principal regra da respiração é que nunca se deve sentir a necessidade de respirar.


(*) Embora divulgue livremente o seu conteúdo no exercício do direito à liberdade de expressão, é importante ressaltar que este site não está filiado a nenhum partido político, nem participa, direta ou indiretamente, em ações de propaganda político-partidária.
A Linguagem do Corpo
18 Jul 2012

«A Linguagem do Corpo» surge no alinhamento do post anterior «Ser ou parecer, eis a questão!». Um olhar atento à nossa linguagem corporal revelará, em certas ocasiões, muito sobre nós mesmos. Eis o significado de alguns dos gestos e posturas mais habituais ao longo de uma conversa:


  • Segurar no copo com as duas mãos em frente do corpo: defesa contra uma conversa franca.
  • Girar a cintura e os ombros: não aceitamos a comunicação de que estamos a ser alvo.
  • De pé com as pernas afastadas: disposição para entrar em luta.
  • Espalhar os documentos sobre uma mesa de reuniões: demonstração de poder sem concessões.
  • Encaixar os dedos das mãos, como um 'teto': gesto de defesa.
  • Dirigir esse 'teto' para a outra pessoa: não se admite réplicas.
  • Agitar as mãos violentamente: cuidado, pode agredir.
  • A pessoa sentada à direita do chefe numa mesa de reuniões: a segunda pessoa mais importante. Atencão, muita gente tende a desprezar este elemento fundamental na mesa de negócios.
  • O empregado que se senta precisamente diante do chefe numa mesa redonda: ameaça de confrontação.
  • Os negociadores sentam-se um em cada extremo de uma mesa retangular: ameaça de confronto.
  • Os negociadores sentem-se frente a frente, de cada um dos lados de uma mesa retangular: guerra de poder, embora sem inimizade.
  • Os negociadores sentam-se um ao lado do outro: clima construtivo.


Ser ou Parecer, Eis a Questão!
13 Jul 2012
Trata-se de um ramo do conhecimento ainda envolto em bastante controvérsia, mas já com alguns especialistas em Portugal: a ciência da comunicação não verbal. Segundo os teóricos, que se socorrem da psicologia, cinésica e até da etologia, os gestos transmitem inúmeras informações sobre a personalidade e o estado de espírito, e estamos naturalmente treinados, uns mais do que outros, para os interpretar. Ainda mais polémica é a teoria de que os traços do rosto espelham o caráter, mas deixo esse conjunto de códigos para outra ocasião.

A cinésica veio para ficar


Pouco se fala nessa ciência, mas na realidade somos diariamente confrontados com essa técnica através dos meios televisivos. Expostos, denunciados pelo zoom, qualquer olhar, postura, gesto ou tom de voz diz mais sobre o que somos e pensamos do que um elaborado discurso. Pode parecer ficção aos olhos de muitos, vidência para muitos outros, mas é uma temível ciência muito procurada por figuras públicas (normalmente ocupantes de posições mediáticas elevadas). Nenhum disfarce resiste ao escrutínio dos (verdadeiros) especialistas. No fundo, se é possível fazer uma leitura correta desse conjunto de códigos, a sua escrita torna-se então possível. Isto é, entender essa mecânica a partir das fontes naturais permite-nos trabalhar nela de forma artificial, limando, subtraindo ou acrescentando. Porém isso não é assim tão fácil. O resultado fica largamente dependente das capacidades reais do analista tratante e das capacidades de adaptação de quem procura estes serviços. Modificar tendências naturais e/ou controlar impulsos não está ao alcance de todos. O tratamento pode ser extremamente violento e penoso. Quer se trate de um artista, político ou futebolista, existem indivíduos cuja mecânica natural não permite grandes manobras.

Se métodos analíticos rígidos deste género são imprescindíveis em televisão, algumas grandes empresas requisitam igualmente estes 'serviços' por ocasião de contratação. Em certos casos scanear o perfil do candidato pode revelar-se útil. O modo de se apresentar e de caminhar, o olhar ou a forma como a pessoa se senta podem fornecer-nos pistas fiáveis sobre a personalidade do indivíduo e ser um fator chave para determinar quem deve ascender a determinado lugar de responsabilidade. Em alguns casos quem procura emprego e/ou se propõe a determinados cargos não calcula até que ponto a sua candidatura está a ser estudada (nota: quando isso acontece, não adianta adotar falsas posturas, pois em 99% dos casos as análises baseiam-se numa série de astuciosos 'imprevistos' meticulosamente preparados). A gravação em vídeo é frequentemente o meio usado. Nestes casos, as imagens gravadas da entrevista são submetidas à leitura fina e implacável de especialistas. Dotados de umas capacidades extraordinárias de observação, alguns profissionais do audiovisual, apesar de praticantes noutro tipo de exercício, são ocasionalmente procurados para este efeito. Este tipo de análise, apesar de pouco usual em Portugal, tem vindo a levantar inúmeras reações, pondo em causa diversos tópicos como o 'direito à privacidade' e à 'igualdade de oportunidades', entre outros.

Albert MehrabianDe facto, a aplicação das teorias de Sigmund Freud é demasiado complicada para o uso quotidiano, e está a ganhar adeptos esta variante mais simples da psicanálise: o conhecimento dos indivíduos à primeira vista. Conforme assegurado pelo antropólogo Albert Mehrabian, professor da Universidade da Califórnia (Estados Unidos) e perito em técnicas de comunicação não verbal (cinésica) numa conversa frente a frente, apenas sete por cento do impacto da mensagem se deve às palavras. Pelo contrário, 38% corresponde aos matizes empregues, ao tom de voz e a outros sons, e pelo menos 55% resultam apenas de gestos e posturas. No entanto, apesar de haver consciência deste facto, nunca antes a sociedade e o mundo laboral deram tanto valor ao significado dos movimentos e atitudes das pessoas.

Admito o desconforto que essa técnica possa provocar na sociedade, mas a máxima desses profissionais (verdadeiramente habilitados) de comunicação, cinésica e atuação inclusive, pode resumir-se numa simples frase: mostra-me como te mexes ou falas, dir-te-ei quem és. Não será esta uma das principais fontes de trabalho dos atores?! Construir personagens implica sempre uma profunda pesquisa consagrada ao tema. Fora das molduras do entretenimento, é de facto uma ciência incomodativa, mas existe e, quando devidamente acionada, a sua conveniência é inquestionável. Visionarem-nos a alma através dos nossos gestos, impulsos ou reações, propositadamente despertadas, é invadir a mecânica do nosso subconsciente. Para muitos é falar em violação de espírito. Alguns autores, como os norte-americanos Friesen e Sorensen, consideram que o reflexo dos sentimentos básicos, quer dizer, alegria, a raiva, o desprezo, o interesse, a surpresa, a vergonha, o medo, a ira, o asco e a tristeza, é igual em todas as culturas. Enquanto a palavra se emprega para transmitir informação, a forma e a gestualidade servem para expressar atitudes pessoais. Precisamente, a publicação «Os Códigos Dos Cumprimentos» demonstra que a função ritual de simples gestos, neste caso o cumprimento não verbal, serve para manter a textura social. A sua importância cobre praticamente todas as culturas.

Charles Darwin - livrosA interpretação dos traços faciais é um outro exemplo que tem sido objeto de estudo científico desde há muito. Já no século XVIII se desenvolveram métodos para conhecer o significado da aparência externa, e Charles Darwin, na sua obra 'A Expressão e as Emoções no Homem e nos Animais', publicada em 1872, estabeleceu as bases dos estudos modernos das expressões faciais. A verdade é que, no nosso dia a dia, estamos constantemente a estabelecer relações entre os traços do rosto e a personalidade das pessoas com quem contactamos. Quase todos tendemos a forjar uma ideia das pessoas a partir da mera observação do seu retrato, e o mundo do entretenimento serve-se destas associações. No cinema e na televisão, encontramos a cada momento os rostos típicos do herói e do vilão. A aparência dos atores desperta no espectador sentimentos que acabam por se instituir. Mas será o rosto o retrato fiel da nossa alma? Uma das iniciativas mais sérias para procurar o significado preciso dos elementos do rosto foi promovida em 1937 pelo psiquiatra francês Louis Corman. Este investigador decidiu estudar cientificamente o carácter e as aptidões das pessoas através dos traços do rosto. O resultado das suas investigações foi o nascimento da morfopsicologia, uma disciplina que, embora discutida por muitos profissionais, vive atualmente um período de expansão.

E a voz nisto tudo, qual é o seu papel?


Uma das investigações levadas a cabo nesta área pelos psicólogos alemães Peter Borkenau e Anette Liebler traz reflexões mais profundas: a linguagem corporal permite extrair conclusões num grau nada desprezável de verosimilhança sobre alguns aspetos da personalidade das pessoas. Trata-se de uma ciência muito procurada pela classe política. Uma voz poderosa, clara e bem modulada pode transportar a pessoa mais tímida num magnífico orador. Mas sobre isso não vou entrar agora nos detalhes. No post «Dicas Para Melhorar a Voz» são examinados os principais alicerces da voz.